As exportações da China registraram contração em maio, afetadas pela frágil recuperação da segunda maior economia mundial, mas o volume do comércio com a Rússia atingiu o nível mais elevado desde o início da invasão da Ucrânia.

Historicamente um indicador-chave do crescimento do país, as exportações chinesas caíram 7,5% em relação ao mesmo mês no ano passado, segundo dados divulgados em dólares nesta quarta-feira (7) pelos serviços alfandegários.

Em um contexto de inflação global, ameaça de recessão mundial e baixa demanda, as importações do gigante asiático também caíram 4,5% no mesmo mês.

Mas, ao contrário da tendência geral, o comércio com a Rússia atingiu seu nível mais alto desde o início da guerra na Ucrânia em fevereiro de 2022, sinal da tentativa de Pequim de apoiar seu aliado golpeado por sanções ocidentais.

O comércio entre os dois países em maio atingiu US$ 20,5 bilhões (R$ 103,7 bilhões na cotação da época), com saldo favorável para a Rússia, que exportou US$ 11,3 bilhões (R$ 57,1 bilhões na cotação da época), segundo a Alfândega.

Dados divulgados nesta quarta-feira também mostram um forte aumento de 75,6% das exportações chinesas para a Rússia em maio, o maior salto desde a invasão da Ucrânia.

A China é o principal parceiro comercial da Rússia, com um volume de comércio que atingiu o recorde de US$ 190 bilhões de dólares em 2022 (R$ 991 bilhões na cotação da época), segundo os dados alfandegários do gigante asiático.

Durante uma cúpula em março, seus respectivos presidentes, Xi Jinping e Vladimir Putin, defenderam o aumento do comércio bilateral para US$ 200 bilhões (R$ 985 bilhões na cotação atual) até 2023.

Um papel importante nesse impulso é desempenhado pelas exportações de energia da Rússia para a China, que devem crescer 40% este ano, disse o vice-primeiro-ministro russo, Alexander Novak, em maio.

A China se apresenta como um ator neutro na guerra da Ucrânia, mas tem sido criticada pelos países ocidentais por não condenar a invasão e por sua aliança estratégica com Moscou.

– Queda da demanda –

A relação comercial com a Rússia não é representativa das dificuldades que o gigante asiático enfrenta atualmente.

As exportações registraram uma breve recuperação em março e abril, após o fim da política de restrições “covid zero” na segunda maior economia do mundo.

Para maio, analistas ouvidos pela Bloomberg projetavam uma contração mais moderada das exportações, de 1,8%. Mas a ameaça de recessão nos Estados Unidos e na Europa, combinada com uma inflação descontrolada, ajudou a enfraquecer a demanda internacional por produtos chineses.

“A China depende em parte da saúde da indústria europeia e americana, que monta seus produtos na China”, disse Guillaume Dejean, analista macroeconômico do grupo financeiro Convera.

“A inflação elevada e o aumento das taxas de juros nessas regiões penalizaram seriamente a demanda”, afirmou.

Com exceção dos meses de março e abril, as exportações da China têm evoluído negativamente desde outubro de 2022, quando a política de restrições anticovid penalizou de forma mais severa a economia do país.

Em dezembro, o gigante asiático suspendeu a maior parte das medidas e abriu caminho para uma recuperação da atividade, que se traduziu em um crescimento de 4,5% no primeiro trimestre de 2023.

Mas a recuperação é frágil em uma economia sobrecarregada por um setor imobiliário alavancado, desconfiança do consumidor e desaceleração global.

Para apoiar sua economia, Pequim poderia apresentar um “novo plano de relançamento do setor imobiliário” e decretar uma queda nas taxas de juros, prevê Ken Cheung, analista do banco japonês Mizuho.

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