O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, avaliou nesta terça-feira, 5, que simplesmente evitar que as criptomoedas façam parte do sistema financeiro não é a melhor saída por parte dos reguladores e supervisores em todo o mundo. “O que o Banco Central (do Brasil) talvez seja um pouco diferente de alguns outros bancos é que entendemos que expelir o mundo de criptomoedas e de stabelcoins do mundo financeiro talvez não seja a melhor coisa a fazer”, defendeu durante evento “Digitalização da Economia: agenda de inovação do Banco Central do Brasil”, organizado pela Casa Jota.

Melhor do que proibir a existência desses novos ativos é, de acordo com ele, é tentar entender como esse mercado funciona e levá-lo para perto do mundo financeiro. “A nossa CBDC (sigla em inglês para moeda digital do banco central) é uma forma de fazer isso, de tentar trazer tudo para perto”, disse. “Acho que, quanto mais perto estiver, mais você vai conseguir regular, entender, e menos surpresas você vai ter”, continuou.

Para Campos Neto, se há um setor com grande capacidade de compra, que foi expelido e não foi regulado, haverá impacto sobre segmentos que estão regulados porque os fluxos financeiros se comunicam. “Este é um mercado que cresceu muito rápido e cometeu alguns pecados, que, no mundo financeiro, a gente já superou”, comparou.

Aprimoramento tecnológico

O presidente do Banco Central afirmou ainda que o aprimoramento tecnológico de transações financeiras entre os países é algo que a instituição quer levar para as discussões do grupo das 20 maiores economias do mundo (G20). “Este é um tema que a gente quer abraçar muito no G20”, disse.

O G20 passou a ser presidido pelo Brasil no último dia 1º de dezembro e terá sua primeira reunião financeira – em nível de diretoria de BCs e secretários de ministérios de finanças – já em dezembro, em Brasília. A reunião financeira ministerial está marcada para fevereiro, em São Paulo.

Ainda sobre esse assunto, Campos Neto voltou a dizer que, com os avanços tecnológicos e de moedas digitais de bancos centrais, as discussões em termos de moedas únicas “perdem muito a importância”, já que haverá transações de várias moedas em tempo real com custo muito baixo.