01/07/2021 - 13:26
Até agora, foram cerca de 1.450 km de carro desde São Paulo até Corumbá, passando por Campo Grande e Aquidauana, e mais cerca de 500 km navegando até a Reserva do Acurizal, Serra do Amolar e Porto Jofre.
A equipe chega a sua última parada: Porto Jofre. Um distrito do município de Poconé, localizado na região sul de Mato Grosso, próximo da divisa com Mato Grosso do Sul (cerca de 400 km até Corumbá) e lugar de maior concentração de onças-pintadas do mundo.
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É ali que se localiza a ONG Phantera que atua na preservação da integridade genética da onça-pintada, conectando e protegendo as populações de onças locais. O diretor Rafael Hoogesteijn trabalha firmemente no Programa de Conflito, implementando técnicas anti-predação e mostrando e ensinando fazendeiros como proteger seu gado e as onças sem conflito, tornando a técnica um benefício para a comunidade através do ecoturismo consciente.
Além do trabalho de conservação, a ONG opera uma escola no Pantanal desde 2012 para crianças e adultos locais, inserindo inclusive educação ambiental.
Ano passado, essa região também foi brutalmente atacada pelo fogo, fazendo com que um dos cartões postais do Pantanal, a Transpantaneira, virasse rota de salvação da fauna local. Foram mais de 200 onças que foram deslocadas, feridas ou mortas pelos incêndios que assolaram todo o Pantanal.
Além do problema dos incêndios, a Transpantaneira vem sendo alvo de uma absurda especulação depois de um projeto de lei apresentado em dezembro passado pelo deputado federal Emanuel Pinheiro Neto (PTB-MT), que propõe terminar e asfaltar toda a Transpantaneira, justificando que a estrada seria uma alternativa de ligação entre os estados, como rota para o agronegócio.
“A estrada pavimentada representa uma enorme ameaça à grande quantidade da fauna local. A incidência de atropelamentos aumentaria, além de intensificar os problemas com incêndios causados acidentalmente em uma estrada rodeada por vegetação”, reforça o diretor da ONG Rafael Hoogesteijn.
“É um grande erro. Uma intenção dessas coloca em risco um bioma frágil e que não suporta esse tipo de pressão”, aponta o coronel Rabello, do Instituto Homem Pantaneiro.
A região também conseguiu, assim como na Serra do Amolar, montar uma equipe de brigadistas que se encontra em treinamento para prontidão a possíveis incêndios na grande seca deste ano. “É visivelmente perceptível a seca que iremos enfrentar este ano. O nível do rio está tão baixo que não conseguimos nem chegar até a sede da fazenda com o barco”, aponta Lawrence Wahba, fazendo um comparativo com a mesma época nos anos anteriores.
A Expedição chega a sua reta final com a certeza de que a interação das ONGs, instituições, comunidades locais e conservacionistas estão em união e luta para a proteção do bioma. O Pantanal é palco de um relacionamento único entre pantaneiros, pecuária e natureza coexistindo há quase três séculos.
As condições mudaram e nossa influência, o nosso impacto foi longe demais e as três partes sofreram. Todos querem a recuperação. Cabe a nós nos reinventarmos para permitir que esse recuperar reconstrua o equilíbrio do Pantanal em todo seu esplendor.