Uma mistura de fatores que impulsiona as bolsas internacionais – reabertura das economias, pacote de ajuda da Comissão Europeia, de 750 bilhões de euro, no combate ao novo coronavírus, e perspectivas de uma vacina para o combate ao vírus – também estimula o Ibovespa. Em seu melhor momento, o índice Bovespa superou os 87 mil pontos (87.039,02 pontos), mas reduziu os ganhos após a perda de força em Nova York, inclusive com o índice Nasdaq migrando para o terreno negativo (-0,77%, às 10h51).

O Ibovespa subia 1,07%, aos 86.379,53 pontos.

O otimismo é contido pela nova fase do conflito comercial entre Estados Unidos e China, ainda envolvendo Hong Kong. “Além disso, internamente, esperamos a decisão do presidente sobre o plano de ajuda a Estado e municípios”, diz Luiz Roberto Monteiro, operador de mesa institucional da Renascença, a respeito dos fatores que podem limitar a alta na B3. O governo norte-americano disse que está analisando medidas de retaliação à decisão do governo de Pequim de adotar uma lei de segurança nacional em Hong Kong.

Ainda pesa a ameaça do líder da Casa Branca de regular fortemente” ou fechar as plataformas de mídia social “antes de permitir” que elas “silenciem totalmente as vozes conservadoras”.

A expectativa por aqui é a sanção presidencial ao projeto de socorro a Estados e municípios no combate ao novo coronavírus, sobretudo se o governo vetará, ou não, o congelamento de salários de servidores públicos. Vale lembrar que alguns aumentos já foram concedidos a algumas categorias, contrariando o pedido do ministro da Economia, Paulo Guedes, a afim de conter o avanço das contas públicas.

Por ora, avalia o economista Silvio Campos Neto, sócio da Tendências Consultoria Integrada, avalia que o lastro externo deve sustentar a recuperação recente dos ativos, embora os fortes ganhos dos últimos dias favoreça certa acomodação. “Turbulências políticas sempre presentes e o avanço ainda intenso da covid-19 ajudam a impor limites por aqui”, estima.

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Depois de a cena política ter dado pequena trégua aos negócios, hoje volta a ser acompanhada com atenção por investidores, já que nesta quarta a Polícia Federal (PF) cumpre ordens judiciais no âmbito do inquérito das fake news, que tramita junto ao Supremo Tribunal Federal (STF), em cinco Estados mais o Distrito Federal. Dentre alguns dos alvos da operação, estão alguns nomes próximos ao clã Bolsonaro, caso do blogueiro Allan dos Santos, do site bolsonarista Terça Livre. O presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson, o deputado estadual Douglas Garcia (PSL) e o empresário Luciano Hang, dono da Havan, também estão na mira da PF.

A operação de ontem da Polícia Federal, mirando o governador do Rio, Wilson Witzel (PSC), lembra Campos Neto, trouxe novos ruídos para a relação entre Planalto e governadores. Neste contexto, o economista estima que o índice Bovespa e câmbio devem exibir certa acomodação, na tentativa de consolidar os ganhos recentes.

Apesar da sinalização de alta na Bolsa hoje e o desempenho dos últimos dias, a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, avalia que o desarranjo político, apesar da relação considerada melhor entre o Congresso e o Planalto, pode inibir a entrada de recursos externos de forma mais firme. “O decano Celso de Mello STF pode pedir esclarecimentos ao presidente Jair Bolsonaro no caso sobre possível interferência na`PF, estamos aguardando o conteúdo do depoimento Paulo Marinho envolvendo o nome do filho do presidente, Flavio e a operação das Fake News. Temos muitas lombadas no caminho, há um longo caminho pela frente, seja para a economia, seja para o mercado de capitais”, afirma.


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