A expectativa de que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) adote um caminho mais agressivo na elevação de juros nos Estados Unidos fez com que o dólar atingisse o maior nível em duas semanas.

Próximo ao horário de fechamento das bolsas em Nova York, o dólar subia para 107,60 ienes, enquanto o euro recuava para US$ 1,2284 e a libra cedia para US$ 1,4018. Já o índice DXY, que mede a divisa americana contra uma cesta de outras seis moedas consideradas fortes, fechou em alta de 0,49%, para 90,316 pontos.

Às vésperas do início do período de silêncio do Fed antes da reunião de política monetária de maio, uma série de discursos de dirigentes do banco central americano guiou os investidores. Na noite de quinta-feira, Loretta Mester, que comanda a distrital de Cleveland, disse que altas constantes nas taxas de juros são necessárias para manter a economia em crescimento. No entanto, a dirigente fez um alerta contra o superaquecimento, ao pregar que caso esse fator seja empregado para ajudar o mercado de trabalho, “isso não vai acabar bem”.

Concordando com Mester, o economista Christopher Rupkey, do MUFG Union Bank, afirmou que os recentes indicadores dos EUA apontam para a falta de mão de obra nos EUA. “As empresas estão procurando e estão voltando de mãos vazias. Estamos em pleno emprego e o auxílio-desemprego está no nível mais baixo desde a década de 1970. À medida que a economia continua a crescer, a escassez de mão de obra também aumenta”, argumentou. Para ele, a reforma tributária promovida por Donald Trump “um dia vai ser vista como o estímulo fiscal mais inoportuno da economia moderna”.

Sem palavras tão contundentes, a diretora do Fed Lael Brainard afirmou que há riscos no horizonte enquanto o mercado de trabalho está cada vez mais aquecido. No entanto, ela ressaltou que é “encorajador” que a inflação esteja caminhando rumo à meta de 2% do banco central, “em linha com o esperado”.

Os comentários de dirigentes do Fed reforçaram o cenário dos que acreditam que o Fed aumentará os juros em um ritmo mais acelerado do que os mercados antecipam. As expectativas de aperto na política monetária dos EUA tendem a impulsionar o dólar, uma vez que taxas mais altas tornam a moeda americana mais atraente para os investidores em busca de rendimento.

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A queda do euro e da libra também ajudou a impulsionar o DXY. O presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, apontou que um amplo grau de estímulos monetários continua sendo necessário na zona do euro. Já os comentários de quinta-feira do presidente do Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês), Mark Carney, continuaram a fazer efeito. Para ele, uma elevação no juro básico em maio não pode ser dada como certa.

A queda do euro também aliviou a pressão sobre o par “euro-franco suíço”. Investidores monitoravam a moeda da Suíça, à medida que a marca psicologicamente importante de 1,20 havia sido ultrapassada no intraday na quinta-feira. No entanto, no fim da tarde desta sexta-feira, o euro era cotado a 1,1976 franco suíço.


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