Depois de passarem semanas distantes da China em pré-temporada ou com os elencos de férias para evitar o novo coronavírus, os clubes locais começaram nos últimos dias a voltar para casa. Se no começo do ano o país asiático era o epicentro da pandemia, passou agora a ser considerado por essas equipes um local bem mais seguro do que permanecer na Europa, por exemplo.

No mês passado, dos 16 times da elite do futebol chinês, 13 estavam em pré-temporada no exterior, espalhados por países como Espanha, Emirados Árabes Unidos, Tailândia e Japão. Em alguns casos, os atletas estrangeiros foram liberados para voltarem ao seus países e só seriam chamados de volta quando a situação melhorasse. Por isso, nomes como Hulk, Paulinho e Ricardo Goulart passaram os últimos dias no Brasil.

A China tem registrado queda nos casos da doença, porém continua muito atenta ao surgimento de novos infectados. Quem retorna ao país encontra no desembarque um grande aparato de saúde para medir febre e avaliar sintomas. Depois disso, todos são obrigados a passar 14 dias em isolamento total, dentro de um quarto, sem poder até mesmo encontrar outras pessoas.

Pelo menos cinco times da elite chinesa manifestaram o interesse de regressar ao país. Um dos que já retornaram foi o Wuhan Zall, da cidade que foi o epicentro da pandemia. Desde janeiro a equipe estava em pré-temporada na Espanha, mas a diretoria considerou que entre continuar na Europa em meio aos casos crescentes de novo coronavírus e voltar para China, a segunda opção era a mais segura.

Uma das últimas equipes a ter desembarcado na China foi o Chongqing Lifan. O preparador de goleiros de clube, o brasileiro José Jober, contou ao Estado que a rotina pelos próximos dias será de confinamento. “Vamos ficar 14 dias com uma pessoa em cada quarto na sede do clube, sem poder sair. Para comer, um funcionário vai colocar a refeição em frente da nossa porta. Não teremos nenhum treino”, disse. Antes de retornar, o time fazia pré-temporada no Japão.

As equipes e jogadores que retornam à China encontram já no avião um pesado esquema de controle de saúde. Funcionários com roupas especiais e máscaras fazem um controle constante da febre. “No aeroporto tem passageiros que se vestem com roupas especiais também. Se estivesse no Brasil, eu não estaria seguro do mesmo jeito. Temos de viver e trabalhar, sem desespero nem pânico”, contou Jober. O campeonato ainda não tem previsão para começar.