14/09/2017 - 8:20
A Rússia lançou nesta quinta-feira, às portas da União Europeia, uma série de manobras militares conjuntas com a Belarus, apresentadas como “puramente defensivas”, mas que alguns membros da Organização do Atlântico Norte (Otan) denunciam como uma demonstração de força.
Moscou faz questão de tranquilizar sobre a natureza desses exercícios, chamados de “Zapad-2017” (“Oeste-2017”), e que mobilizam cerca de 12.700 soldados durante uma semana ao longa da fronteira com a Polônia e Lituânia.
No comunicado que anunciou o início das manobras na quinta-fera, o ministério da Defesa enfatizou que têm “um caráter puramente defensivo e não são dirigidas contra qualquer país em particular”.
O exército russo organiza todos os anos, nesse período, importantes manobras em uma região fora da Rússia.
Desta vez acontecem em Belarus, no encrave de Kaliningrado e em várias regiões do nordeste da Rússia, ou seja, perto da Polônia e dos países bálticos, que, desde a anexação da Crimeia em 2014 e o início do conflito no leste da Ucrânia, veem na Rússia uma ameaça contra sua soberania.
Alguns países, como Lituânia e Estônia, colocam em dúvida os números anunciados por Moscou e falam de mais de cem mil soldados mobilizados de 14 a 20 de setembro.
O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, assegurou, por sua parte, que não vê uma ameaça iminente contra um aliado, apesar de lamentar a falta de transparência da operação.
“A Rússia é capaz de manipular as cifras com grande naturalidade, por isso não quer observadores estrangeiros. Mas os 12.700 soldados anunciados nas manobras estratégicas é ridículo”, afirmou à AFP o especialista independente Alexandre Golts, que calcula que os efetivos russos superam os 100.000 militares.
Segundo a consultoria especializada em termos de defesa IHS Jane’s, as cifras reais provavelmente são superiores, já que os exercícios envolvem não apenas militares, como membros dos serviços de inteligência, da Guarda Nacional, dos serviços de emergência, entre outro, o que representaria entre “80.000 e 100.000” efetivos.
A Rússia reivindica, por sua parte, seu direito de realizar exercícios militares em seu território e denuncia que a Otan voltou a ampliar presença em suas fronteiras.
A Aliança conta agora com mais de 4.000 soldados posicionados nos países bálticos e na Polônia.
Os exercícios “Zapad-2017” acontecem quase ao mesmo tempo que o realizado pelo exército dos Estados Unidos está realizando na Ucrânia e outras manobras na Suécia, com 19.000 soldados simulando um ataque fictício de um “opositor mais importante e sofisticado”.
Moscou afirma que suas manobras simulam a luta contra grupos terroristas que se infiltraram na Belarus e no encrave russo de Kaliningrado a partir de três países imaginários, mas que podem ser identificados como Lituânia, Letônia e Polônia.