O Exército sírio anunciou nesta quarta-feira (29) a conquista da cidade estratégica de Maaret al-Numan, na província de Idlib, noroeste da Síria, última região controlada pelos grupos jihadistas e rebeldes.

Maaret al-Numan, a segunda maior cidade da província de Idlib, foi durante anos um dos pilares das manifestações contra o governo. Nos últimos meses, tornou-se, porém, uma cidade fantasma, devido aos bombardeios sírios e russos.

Conhecida como “cidade da revolução”, abrigou grandes movimentos e atraiu sírios procedentes das localidades vizinhas, que exigiam melhores condições de vida, ou mudanças democráticas.

As forças governamentais entraram nesta terça-feira em Maaret al-Numan e em outras 20 localidades.

Fora do governo central em 2012, Maaret al-Numan tem um grande valor estratégico. É crucial para controlar a autoestrada M5, que liga Aleppo, a grande metrópole do norte, a Damasco, capital síria.

A cidade tinha 150.000 habitantes há alguns meses, mas está praticamente deserta após várias semanas de bombardeios, indicou a ONG Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH).

Desde o início de dezembro, 358.000 pessoas, principalmente mulheres e crianças, deixaram o noroeste da Síria em consequência da violência, de acordo com os números da ONU.

Apoiado pela força aérea de sua aliada Rússia, o regime não para de repetir que vai reconquistar a totalidade da província.

“Nos últimos dias, nossas forças conseguiram eliminar o terrorismo em várias cidades e vilarejos”, anunciou um porta-voz militar ao ler um comunicado do Estado-Maior das Forças Armadas.

O Exército se compromete a “perseguir o que resta das organizações terroristas armadas até limpar todas as terras sírias do terrorismo”, completa o comunicado, que usa a terminologia habitual do regime para designar tanto jihadistas como os rebeldes.

A região de Idlib e os territórios adjacentes das províncias de Aleppo, Hama e Latakia são dominados pelos jihadistas do Hayat Tahrir al-Sham, ex-braço sírio da Al-Qaeda.

Idlib tem importância estratégica, pois fica perto da fronteira com a Turquia, que apoia alguns grupos rebeldes, mas também da província costeira de Latakia, reduto do clã do presidente Assad. Estas zonas também estão ocupadas por outros pequenos grupos jihadistas e rebeldes enfraquecidos.

Desde o início da batalha, na sexta-feira, para recuperar toda a região de Maaret al-Numan, 147 membros das forças pró-governo morreram, assim como 168 combatentes rebeldes e jihadistas, segundo o OSDH.

O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, acusou a Rússia nesta quarta-feira de não respeitar o que foi acordado com a Turquia em relação à província de Idlib.

“Com a Rússia, concluímos acordos (…) Se a Rússia respeitar esses acordos, faremos o mesmo. Infelizmente, a Rússia atualmente não respeita esses acordos”, disse Erdogan, citado pela agência estatal Anadolu.

Entre abril e agosto de 2019 a província foi cenário de uma ofensiva de grande envergadura na qual morreram quase 1.000 civis e que provocou o deslocamento de mais 400.000 pessoas, de acordo com a ONU.

O conflito na Síria, que começou em março de 2011 após a repressão do governo a manifestações de opositores, provocou mais de 380.000 mortes e deixou milhões de deslocados e refugiados.