11/04/2022 - 7:25
Após os atentados mortais das últimas semanas, o Exército israelense lançou, nesta segunda-feira (11), novas operações na Cisjordânia ocupada, um território palestino onde episódios de segurança se multiplicam.
Apesar de o primeiro-ministro israelense, Naftali Bennett, ter garantido que o Exército está “na ofensiva”, as forças de segurança concentraram sua atividade, nos últimos dias, no norte da Cisjordânia, perto da cidade de Jenin. Esta é a localidade de origem dos dois palestinos responsáveis por recentes atentados em Israel.
Nesta segunda, o Exército lançou uma operação na cidade de Kafr Qalil (norte), informou um comunicado militar. De acordo com esta mesma nota, houve confrontos com “agitadores”, que queimaram pneus e atiraram pedras nos soldados, ao mesmo tempo em que se ouviram disparos”. Nenhum soldado ficou ferido, completou o Exército.
O Crescente Vermelho Palestino informou, por sua vez, que 24 pessoas ficaram feridas hoje no norte da Cisjordânia – uma delas, por munição real. Também houve operações israelenses em Burqa, Al Arub e Hebron, no sul da Cisjordânia, território ocupado pelo Exército de Israel desde 1967.
Ao todo, 13 pessoas foram detidas nesta segunda-feira, e cerca de 30, em uma semana, na Cisjordânia, relatou o Exército, que disse ter frustrado 16 ataques nos últimos dias.
Desde 22 de março, Israel sofreu quatro ataques. Os dois primeiros foram cometidos por árabes israelenses ligados à organização jihadista Estado Islâmico (EI), e os dois últimos, por palestinos da região de Jenin. Os atentados deixaram 14 mortos ao todo. E, de acordo com uma contagem da AFP a partir da mesma data, 14 palestinos, incluindo os agressores, morreram em violentos confrontos.
– “Mobilização” –
O último deles, Mohamed Zakarneh, de 17 anos, não resistiu aos ferimentos causados ontem por forças israelenses em Jenin, e faleceu nesta segunda-feira, informou o Ministério palestino da Saúde.
Milhares de pessoas compareceram hoje a seu funeral no acampamento de refugiados de Jenin. Entre eles, homens encapuzados atiravam para o alto, observaram jornalistas da AFP no local.
Zakarneh foi baleado durante uma operação israelense para prender familiares do autor do ataque de quinta-feira (7), em Tel Aviv, no qual três israelenses foram mortos. No domingo (10), o Exército disse que abriu fogo contra um veículo, no qual viajavam os dois irmãos do agressor.
Uma fonte de segurança israelense disse à AFP que os soldados pediram ao pai do jovem que se rendesse, ameaçando fazer novas buscas no acampamento, se necessário.
O porta-voz das facções armadas palestinas em Jenin, Abu Muadh, declarou ontem que a área se encontra em “estado de alerta” e pediu uma “mobilização geral” de combatentes locais para “enfrentar uma incursão” das forças israelenses.
“Podemos esperar um confronto em grande escala a qualquer momento”, advertiu o secretário-geral da Jihad Islâmica, o principal movimento islâmico armado depois do Hamas, em um comunicado.
Vários combatentes desta organização morreram, recentemente, nas mãos das forças israelenses em Jenin.
Em outro incidente, também no domingo, dois israelenses foram baleados e hospitalizados, após entrarem na cidade palestina de Nablus (norte). Lá, o suposto túmulo de José, filho do patriarca Jacó, havia sido vandalizado no dia anterior, de acordo com o Exército.