Israel admitiu, nesta segunda-feira (12), que suas forças haviam matado involuntariamente uma adolescente palestina durante uma incursão em Jenin, a terceira maior cidade da Cisjordânia ocupada, onde dezenas de palestinos, entre eles combatentes, foram mortos por fogo israelense nos últimos meses.
O exército israelense disse que o incidente aconteceu durante uma operação no domingo à noite para capturar três pessoas “suspeitas de terrorismo”.
“A menina que morreu foi atingida por disparos não intencionais dirigidos contra agressores armados em um telhado na área”, diz a nota do exército, que acrescentou que nenhum soldado tinha ficado ferido.
Jana Zakarna, de 16 anos, foi encontrada morta no terraço de sua casa após a saída das tropas israelenses, disseram familiares à AFP.
“Ela subiu [no terraço] para alimentar seu gato e não voltou a descer, por isso que seu irmão subiu para buscá-la; ele abriu a porta e encontrou Jana caída de costas”, disse Yasser Mahmoud Zakarna, tio da adolescente.
Segundo este parente, Jana apresentava “quatro disparos em pontos vitais: na cabeça, no rosto e dois no peito”.
Um gato branco passeava nesta segunda pelo terraço, onde era possível ver uma poça de sangue e fitas amarelas marcando o que, segunda a família Zakarna, eram buracos de bala.
Outros três palestinos ficaram feridos nesta mesma operação, indicou, por sua vez, o Crescente Vermelho palestino.
O exército israelense havia dito anteriormente que o incidente estava sendo “investigado”.
A Cisjordânia está ocupada por Israel desde a Guerra dos Seis Dias de 1967.
O ministro da Defesa israelense, Benny Gantz, garantiu nesta segunda que os soldados “não disparam deliberadamente contra pessoas não envolvidas com terrorismo”.
Um alto responsável palestino, Hussein Al-Sheikh, reivindicou que “organizações regionais e internacionais investiguem imediatamente a execução” da menor.
As forças israelenses lançaram incursões quase diárias no norte da Cisjôrdania desde que aconteceram vários ataques de palestinos ou árabes-israelenses contra israelenses há alguns meses.
Pelo menos 150 palestinos e 26 israelenses morreram este ano em Israel, na cidade disputada de Jerusalém e na Cisjordânia. E outros 49 palestinos morreram em agosto na Faixa de Gaza em três dias de operação militar israelense no território palestino.
Combatentes, mas também crianças de apenas 12 anos e jornalistas como a experiente repórter palestino-americana Shireen Abu Akleh estão entre os mais de 40 palestinos mortos este ano em Jenin em operações militares israelenses.
Durante as operações, “é impossível ficar seguro”, lamentou o tio de Jana Zakarna, cujo funeral foi realizado pela família e locais nesta segunda. Após a morte da adolescente, Jenin decretou uma greve geral.