Exército de Mianmar admite que bombardeou festival budista

O Exército birmanês admitiu, nesta quinta-feira (9), que atacou participantes de um festival budista, alegando que combatentes rebeldes estavam entre a multidão, a qual teriam usado como “escudo humano”.

Pelo menos 25 pessoas – e até 43, segundo algumas fontes – incluindo crianças, morreram na segunda-feira em um bombardeio do exército contra uma multidão de centenas de pessoas reunidas em Chaung U (centro) para a Festa Budista das Luzes, disse um membro do comitê organizador à AFP.

Em um comunicado, o Exército acusou “grupos terroristas das autodenominadas Forças de Defesa do Povo (PDF) de forçar as pessoas a se juntarem à manifestação antigovernamental e usá-las como ‘escudos humanos'”.

Segundo a junta, quatro “terroristas das PDF” morreram no ataque. Os militares divulgaram fotos de quatro homens que várias organizações pró-democráticas identificaram como seus militantes.

Desde o golpe de Estado que levou os militares ao poder em 2021, as Forças de Defesa do Povo, uma organização pró-democrática, aliaram-se a grupos armados de minorias étnicas para combater a junta.

Um morador de Chaung U, que participou da manifestação na segunda-feira, declarou anonimamente que duas bombas foram lançadas contra a multidão, causando cerca de 40 mortes.

O “governo de unidade nacional”, uma administração autoproclamada no exílio, declarou que havia pelo menos três crianças entre os mortos.

O grupo de monitoramento Armed Conflict Location & Data (Acled) registrou mais de 85 mil mortes contabilizadas pela mídia durante a guerra. Destas, cerca de 3.400 correspondem a civis mortos pelas forças do governo em bombardeios aéreos ou com drones.

Não há um número oficial de mortos.

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