O Exército israelense anunciou nesta quarta-feira (16) que transformou cerca de 30% da Faixa de Gaza em “zona de segurança”, o que impede a permanência da população palestina nessa área, após afirmar que continuará bloqueando a entrada de ajuda humanitária no território.
Israel retomou em 18 de março os ataques aéreos e terrestres na Faixa de Gaza, o que encerrou um cessar-fogo de dois meses com o movimento islamista palestino Hamas.
O Exército informou hoje que, como parte da retomada das operações, havia “alcançado o controle operacional total de várias áreas e rotas importantes em toda a Faixa de Gaza”.
“Aproximadamente 30% do território da Faixa de Gaza está agora designado como um Perímetro de Segurança Operacional”, uma zona-tampão onde a população palestina não pode viver, indicou.
Também acrescentou em comunicado que havia atingido cerca de 1.200 “alvos terroristas” por via aérea e realizado mais de 100 “eliminações direcionadas” desde 18 de março.
O Ministro da Defesa israelense, Israel Katz, afirmou no começo do mês que o Exército estava assumindo o controle de “grandes áreas” na Faixa de Gaza e deixando o território “menor e mais isolado”.
Autoridades israelenses afirmaram repetidamente que a pressão militar era a única maneira de forçar o Hamas a libertar os 58 reféns ainda mantidos em Gaza.
A guerra eclodiu depois que o Hamas atacou o sul de Israel em 7 de outubro de 2023, matando 1.218 pessoas do lado israelense, a maioria civis, de acordo com os números oficiais.
Dos 251 sequestrados naquele dia, 58 ainda estão presos em Gaza, dos quais 34 estão mortos, de acordo com o Exército israelense.
O Ministério da Saúde da Faixa de Gaza, governada pelo Hamas, disse nesta quarta-feira que pelo menos 1.652 palestinos morreram desde 18 de março, elevando para 51.025 o número de mortes desde o início das represálias israelenses.
Israel bloqueia a entrada de ajuda humanitária desde 2 de março no território palestino, onde a ONU alerta para uma situação alarmante entre os 2,4 milhões de habitantes.
A organização Médicos sem Fronteiras (MSF) afirmou que as operações militares israelenses e o bloqueio de ajuda transformaram Gaza em um cemitério para palestinos e trabalhadores humanitários.
A ONU afirmou hoje que cerca de 500.000 palestinos foram deslocados na Faixa de Gaza desde o fim do cessar-fogo, o que provocou, segundo descreveu, uma das piores crises humanitárias no território em mais de 18 meses de conflito entre Israel e o Hamas.
O estreito território sofre escassez de alimentos, água, combustível e outros produtos essenciais, segundo as organizações humanitárias. Israel acusa o Hamas de desviar a ajuda humanitária e assumir a distribuição há meses, o que o movimento nega.
A Defesa Civil Palestina anunciou nesta quarta-feira que o último bombardeio israelense havia deixado 11 mortos, incluindo mulheres e crianças.
“Nossas equipes transferiram 10 mártires e vários feridos, incluindo várias crianças e mulheres, ao hospital Al Shifa na Cidade de Gaza”, disse à AFP o porta-voz da organização de emergência, Mahmud Bassal.
Os esforços para restaurar o cessar-fogo parecem ter sido em vão. O Hamas analisa uma proposta israelense de trégua temporária, encaminhada por mediadores egípcios.
Segundo uma autoridade de alto escalão do movimento, Israel exige o retorno de 10 reféns vivos em troca de uma trégua de “pelo menos 45 dias”, a libertação de 1.231 prisioneiros palestinos mantidos por Israel e uma autorização para acesso humanitário à Faixa de Gaza.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, ordenou que sua equipe de negociação “continue as gestões” para obter a libertação dos reféns que ainda estão na Faixa de Gaza, anunciou seu gabinete.
Uma autoridade do Hamas reiterou hoje à AFP que o movimento descarta negociar o seu desarmamento e anunciou que prepara uma resposta à proposta israelense de trégua na Faixa de Gaza.
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