Executivos da HBO usavam perfis fake para pressionar críticos de televisão que fizeram avaliações negativas para as suas séries, afirma a Rolling Stone americana.

Segundo a apuração da revista, foram vistas mensagens enviadas por Casey Bloys, presidente de programação original da HBO em 2020, e outros executivos da emissora. Em diversas ocorrências, as sugestões do presidente coincidiam com comentários de usuários aleatórios no Twitter (X). As declarações analisadas eram sempre contra os críticos e a favor das produções.

Procurada pela revista estadunidense, a HBO não contestou a legitimidade das mensagens, mas um porta-voz disse que não iria comentar. O Estadão também procurou a assessoria da HBO no Brasil, que não respondeu até a publicação deste texto. O espaço segue aberto.

Na reportagem, são citados exemplos em que Bloys sugeria textos que o “amigo” poderia dizer, como se referia à conta fake. O presidente da programação, após ver uma crítica negativa sobre a série The Nevers, escreveu: “Talvez nosso amigo precise dizer que é chocante que dois homens brancos de meia-idade [os críticos] estejam falando mal de um programa sobre mulheres”.

Em seguida, surgiu um tweet de uma “mãe e fitoterapeuta do Texas”, respondendo à resenha de The Nevers com essa exata frase, afirma a Rolling Stone.

Esse não é o primeiro caso de suspeita de uso de trolls, bots e outros métodos para influenciar a opinião geral sobre séries ou filmes. Em setembro, a revista Vulture investigou que uma empresa de relações públicas teria manipulado o sistema do site Rotten Tomatoes (de avaliações de filmes, séries e jogos) para melhorar algumas notas. A própria Rolling Stone lembra, ainda, que encontrou um número suspeitamente alto de contas da Índia avaliando com nota máxima a série The Idol, também da HBO.