Encontrar com Sabrina Sato é sempre uma experiência coletiva. Seja nos bastidores de uma gravação ou até mesmo em um evento despretensioso, ela nunca passa despercebida. É gente pedindo foto, gravando vídeo, fazendo selfie tremida, e ela ali, simpática, atenta, generosa. Tão querida pelas pessoas. Mas por que, até hoje, não ganhou seu programa próprio na Globo em TV aberta?
Comecei essa apuração com a vontade não só de desvendar a resposta nos bastidores, mas também com o intuito de entender o que esse “não ainda” diz sobre a TV de hoje, sobre o que se espera de um apresentador e, por que não, sobre a percepção de amadurecimento e de tempo.
Depois de deixar a Record, onde ficou oito anos, Sabrina foi para a Globo no começo de 2022. Seu primeiro projeto na TV aberta foi, em outubro de 2023, como estrela do quadro “Essa Eu Quero Ver” no Fantástico. Em outubro desse ano estreia a terceira temporada. Conteúdo leve, que parece levar o público para viajar junto, divertido, no qual ela reforça que é mestre em cativar o telespectador, mesmo com poucos minutos de tela. Em paralelo, nesse meio tempo, brilhou no GNT, no Saia Justa, no Desapegue Se For Capaz e foi jurada no The Masked Singer. Conduziu papos interessantes ao lado de Marcelo Adnet em Sobre Nós Dois e comandou reality no Globoplay, o Minha Mãe com Seu Pai. Tudo isso em menos de quatro anos. Longe de ser pouca coisa. Não é mesmo?
Porém, com a confirmação de que Eliana, que chegou à Globo no ano passado, vai estrear sua atração própria com formato inédito na TV aberta no início de 2026, foi inevitável que alguns seguidores e fãs passassem a questionar sobre quais são os planos para Sabrina também ganhar o seu projeto solo.
Fui atrás da informação. Conversei com fontes da emissora. Uma delas foi bem direta comigo: “Matheus, tudo isso faz parte de uma construção. A Sabrina segue em fase de reposicionamento. A ideia é ir além daquela figura engraçada ou sensual que o público conheceu no BBB e na época do Pânico. Hoje, o foco está em revelar sua faceta de comunicadora versátil, alguém que transita bem entre humor, emoção e que já demonstra mais destreza para abordar temas mais profundos.” Realmente, faz sentido.
Minha fonte completou: “A Globo sabe do potencial e não quer errar com a Sabrina.” O que, ironicamente, é um dos motivos pelos quais o tão esperado programa próprio ainda não aconteceu. A mesma fonte me explicou usando uma analogia que achei interessante: “É como se ela estivesse sendo experimentada em várias paletas, humor, comportamento, social, família, para que se descubra, com segurança, onde ela se encaixa melhor. Aí sim ela vai ganhar um projeto sob medida para a TV aberta.”
Aos 44 anos, a apresentadora demonstra maturidade rara no meio artístico. Valoriza a liberdade de escolher, de testar, de recusar. E, sobretudo, fontes próximas da comunicadora me explicaram que hoje ela também valoriza muito estar mais perto da filha Zoe, do marido Nicolas Prattes e da família como um todo.
Soube que há, sim, uma conversa para um programa solo na TV aberta, mas apenas para o segundo semestre de 2026. A direção do canal tem observado atentamente os resultados dos últimos projetos e há um cuidado quase artesanal para criar algo que seja a cara da japa e que também dialogue com a nova fase da TV brasileira. Menos formato, mais essência, mais verdade.
No fundo, a pergunta “por que Sabrina não tem um programa próprio?” talvez precise ser reformulada. Porque o que temos visto nos últimos anos é justamente uma construção estratégica que aponta para um novo momento. E quando esse programa vier, e tudo indica que virá, não será apenas para responder às cobranças, satisfazer expectativas ou preencher grade. Virá para surpreender.
Já entrevistei a Sabrina algumas vezes. Uma delas foi em um evento, depois de um dia cansativo de gravação dela, e mesmo assim ela segurava minha mão com atenção e olhava nos meus olhos enquanto falava sobre amor, sonhos e, justamente, sobre reinvenção. E é por isso que, quando penso nesse tempo dela, penso também no nosso. Porque, no fundo, esse é um daqueles famosos dilemas. Saber esperar. Ufa, como às vezes é difícil. Mas é isso. Ter fé, sempre. Sabrina tem. O segredo é confiar que, quando for para ser, será. E do jeito certo.
Nota 1000
O Sabadou deste fim de semana, acertou em cheio ao exibir uma conversa acolhedora e forma tão natural sobre a importância da representatividade no universo sertanejo. Um meio que, aos poucos, vem aprendendo a acolher e respeitar seus artistas LGBTQIAPN+.
Sob o comando de Virginia Fonseca, o programa do SBT reuniu a cantora Lauana Prado, assumidamente lésbica, e a influenciadora Pepita, mulher trans e mãe, em um papo marcado por autenticidade e leveza. Sem forçar discursos, a atração mostrou que é possível unir entretenimento e conversas ricas em horário nobre.
Parabéns à apresentadora, ao competente diretor João Mesquita e a toda a equipe do Sabadou, que vem se consolidando como um espaço aberto a convidados diversos e vozes plurais. Um exemplo de como a TV aberta pode sim entreter e contribuir em causas importantes ao mesmo tempo.
Poeta no Beat
Na última sexta-feira, o DJ e produtor musical Felipe Poeta fez história ao se apresentar na edição belga do Tomorrowland, um dos maiores festivais de música eletrônica do mundo. Ele comandou um set autoral de cerca de uma hora no palco House of Fortune by JBL, onde mostrou sua identidade sonora: uma fusão envolvente de house music com funk carioca e outras influências da música urbana brasileira. Na plateia, uma presença mais que especial: a apresentadora Patrícia Poeta, que foi até a Bélgica para prestigiar o filho. A jornalista acompanhou a apresentação de perto e vibrou com a receptividade do público europeu.
Felipe vem construindo uma trajetória interessante ao misturar beats eletrônicos contemporâneos com elementos da música brasileira. O resultado é um som autêntico, dançante e cheio de identidade. Sua apresentação no festival apenas confirmou o motivo de, atualmente, ele ser considerado um dos jovens talentos em ascensão da cena global. Tem talento, tem visão e, pelo visto, muita poesia no sangue.
Até amanhã!