A negociação até então secreta entre Galvão Bueno e a Record, revelada nesta terça-feira, dia 17, pela página Eplay, foi o ponto de partida para uma sequência intensa, com direito a ligações, mensagens e movimentações nos bastidores. Conforme apurado com exclusividade pela Coluna Matheus Baldi, embora não haja nada oficialmente fechado, pessoas próximas ao narrador garantem que Galvão não deve seguir na Band em 2026.
Galvão estaria incomodado com os baixos índices de audiência do programa ‘Galvão e Amigos‘, exibido nas noites de segunda-feira, após um horário vendido para a Igreja. Esse contexto faz com que ele entre no ar com baixa audiência e encontre bastante dificuldade para elevar os índices.
O próprio narrador já confidenciou a interlocutores o receio de que performance insatisfatória da atração acabe comprometendo sua relação com marcas e parceiros comerciais.
É importante reconhecer, no entanto, que o espaço religioso representa hoje uma fonte de receita segura para a Band, que, assim como outras emissoras, lida com os desafios de um mercado publicitário fragmentado. Atualmente, a TV aberta disputa verba com redes sociais, influenciadores, plataformas de vídeo e streaming. Diante desse cenário, o equilíbrio entre conteúdo relevante e sustentabilidade financeira acaba exigindo decisões difíceis.
Do outro lado, a Record vive uma fase de investimentos estratégicos no esporte. A emissora garantiu os direitos de exibição de uma parte importante dos jogos do Campeonato Paulista e do Campeonato Brasileiro deste ano na TV aberta. Para fortalecer seu time, trouxe Cléber Machado, que deixou o SBT, Paloma Tocci, que saiu da Band, além de contar com Maurício Noriega, Bruno Laurence e o ex-jogador Dodô. Até aqui, o retorno tem sido positivo, tanto em audiência quanto em faturamento.
O interesse em Galvão representa um passo estratégico da Record na disputa pelo protagonismo esportivo, que por décadas pertenceu à Globo. Ainda segundo a página Eplay, a emissora estaria negociando os direitos da Copa do Mundo e enxergando Galvão como um trunfo estratégico para transmitir os jogos da Seleção Brasileira. Além de assegurar que Galvão terá um programa semanal exclusivo.
Procurada pela Coluna Matheus Baldi, a Record afirmou que ainda não possui os direitos da Copa e que a questão está sendo avaliada com cautela pela direção do canal. Sobre as conversas com Galvão, a emissora optou por não confirmar nem negar.
Assim como a Band, a Record também faz parte da trajetória de Galvão na televisão. Nos anos 1980, ele passou pela emissora da Barra Funda antes de se consagrar na Globo, onde ficou por quatro décadas.
Segundo a Coluna conseguiu apurar nas últimas horas, essas tratativas do narrador com a Record ainda estão em estágio inicial e se deram de forma extraoficial. Porém, desde ontem, o que chamou mesmo a atenção em algumas conversas entre funcionários da emissora da Barra Funda foi o desconforto gerado em parte da equipe esportiva atual, inclui-se Cléber Machado, diante do vazamento dessa negociação com Galvão.
Uma das fontes me revelou que, entre eles, o comentário é de que Cléber corre risco de ser duplamente prejudicado. Primeiro, pela possível perda do protagonismo que ocupa hoje, já que Galvão ficaria com o posto de narrador principal nas transmissões da Copa do Mundo, inclusive das partidas da Seleção Brasileira. E pela consequente queda em seu faturamento, já que ações comerciais associadas à Copa e às grandes transmissões dos outros campeonatos representam ganhos significativos nos rendimentos desses profissionais.
Essa fonte avalia que, mesmo Cléber tendo um contrato bem amarrado e que garante certa estabilidade, se a negociação com Galvão avançar, a emissora precisará ter habilidade para lidar com os egos e expectativas dos dois profissionais. Cléber já sabia que a Record avalia a compra dos direitos de transmissão da Copa do Mundo. Para ele, protagonizar as transmissões seria um marco em sua carreira, uma vez que, nas edições anteriores do maior evento do futebol do mundo, foi Galvão quem liderou as transmissões exibidas pela Globo.
Uma outra fonte não descarta, inclusive, que Cléber abra negociação com outras emissoras ou plataformas, mas garante que, por ora, o comentário é de que Record considera a possibilidade de manter os dois nomes em seu elenco esportivo. Ter Galvão e Cléber juntos faz parte dessa etapa da busca da emissora em se consolidar nesse setor cada vez mais valioso, não apenas na TV tradicional, mas em todo o ecossistema do consumo de conteúdo audiovisual e de notícias.
Na Band, apesar do risco de perder o renomado profissional, a direção segue apostando em parcerias sustentáveis e avaliando ajustes que permitam alavancar os índices do horário nobre após a exibição da faixa religiosa, mas sem ter que abrir mão de uma receita segura, que garante certa tranquilidade quando o foco também está em equilibrar as contas.
Acredito que, para Galvão, a possível ida à Record pode representar uma nova fase profissional, sobretudo com oportunidades que vão além da narração esportiva, como a realização do desejo de se firmar como apresentador de um importante programa que reúna grandes nomes do futebol.
Já para Cléber, a situação exige cautela, mas também pode ser um convite à reinvenção. Sou otimista. Vejo um caminho para valorizar sua bela trajetória, e acredito que um acordo de revezamento com Galvão na locução das partidas mais importantes, incluindo os jogos da Seleção Brasileira, seria uma excelente solução. Tudo isso muito bem conversado com a Record. Isso tudo, claro, caso a emissora realmente acerte os direitos de transmissão da Copa.
Os dois profissionais têm histórias marcantes, talento de sobra e o carinho dos brasileiros conquistado em décadas de carreira. Que os próximos capítulos, ainda em aberto, sejam escritos com sabedoria, respeito e ótimas oportunidades para todos os envolvidos. É interessante ver que a nossa TV brasileira segue viva, em transformação, com movimentações e oportunidades tão promissoras.