Exclusivo: Crise abala Virginia Fonseca no SBT e famosos evitam o ‘Sabadou’

Domingo, 29 de junho, quase oito da manhã. A cidade ainda despertava quando desci até a padaria para comprar pão. Fila curta, cheiro de fornada nova, uma das atendentes me reconheceu. Sorriso tímido, celular na mão, ela disse: “Eu te sigo! Adoro suas notícias… Mas me conta: o que tá acontecendo com a Virginia?”.

Acho que só na semana que passou isso aconteceu umas quatro vezes, pessoas me perguntando sobre a influenciadora que, na minha opinião, é uma das principais celebridades brasileiras da atualidade. Mas, nesse caso, senti na fala da atendente um tom de quem tem uma conexão forte, não apenas acompanha. E, antes que eu pudesse responder, ela veio até a mim e já estava me mostrando o celular com fotos e prints de comentários e xingamentos. Foi me mostrando um por um. “Eu gostava mais dela antes disso tudo”, disse.

Ali, enquanto esperava chegar a minha vez, fui refletindo que esse impacto na imagem da influenciadora, de fato, ultrapassou o feed. Deixou de ser algo efêmero e virou sintoma de algo mais profundo.

Até porque o que está em curso é uma somatória de fatores que, juntos, transformaram as últimas semanas de Virginia Fonseca numa travessia realmente desafiadora.

Tudo começou com a convocação para depor na CPI das Bets, que investiga possíveis irregularidades envolvendo casas de apostas esportivas. Virginia não se tornou ré, mas o fato de ser chamada a Brasília para prestar esclarecimentos acabou desencadeando uma onda de comentários e publicações com ataques e acusações.

Como se não bastasse, a separação de Zé Felipe, anunciada por eles de forma respeitosa, escancarou mais um desafio em meio a essa fase turbulenta. Há quem avalie que Virginia perdeu não apenas o marido, mas também uma peça-chave na engrenagem emocional e simbólica de sua imagem pública. Uma sensação de que ele era afeto, mas também aval. Um nome que, junto ao carinho conquistado pelo pai, o cantor Leonardo, suavizava certos julgamentos e funcionava como um selo silencioso de aprovação, especialmente para pessoas de outras gerações e em ambientes mais tradicionais.

A funcionária da padaria voltou para o balcão, esboçou certa tristeza e comentou:

“Antes era tudo mais leve. Não sei, mas agora parece que tem sempre uma tensão no ar.”

Uma sensação difícil de medir, mas talvez mais fácil de sentir, ainda mais quando vem de uma pessoa que demonstrar nutrir um verdadeiro carinho. Virginia tem a capacidade trazer as pessoas para perto, consegue entreter com naturalidade. Acredito que ela não perdeu esse poder, talvez os fãs e admiradores só tenham que compreender que, como acontece na vida de todo ser humano, fases difíceis chegam e passam.

No X, antigo Twitter, vi alguns comentários apontando que o Sabadou, programa que ela comanda no SBT, registrou índices mais baixos que o normal neste último fim de semana, e que isso poderia ser um sinal de crise na imagem dela. Comentei sobre isso com uma fonte da emissora, que me confidenciou que, nas últimas semanas, a equipe do programa tem enfrentado uma certa dificuldade para fechar com convidados realmente relevantes. Algo que não era recorrente. Existe a desconfiança de que passou a existir, ainda que de forma velada, um receio entre alguns artistas e influenciadores mais consolidados em associar suas imagens a esse momento turbulento que Virginia enfrenta. Para não deixar buraco, a produção passou a apostar em influenciadores e artistas de menor projeção e até nomes que estão mais afastados da grande mídia. A expectativa é de que tudo volte à normalidade já nos próximos meses.

A consolidação de Virginia como apresentadora de TV, que antes parecia inevitável, agora desperta certa dúvida entre alguns executivos da Anhanguera, segundo essa mesma fonte. Tudo isso especialmente após determinados anunciantes sinalizarem receio de associação à influenciadora neste momento, optando, por ora, por veicular suas ações em outras atrações.

Detalhe: uma moça que estava na minha frente na fila entrou na conversa e disparou:

“Você viu o vídeo dela sambando? O que é aquilo?”.

A coroação de Virginia como rainha de bateria da Grande Rio que poderia ser uma excelente reviravolta, acabou gerando mais ruído. O anúncio causou desconforto entre integrantes mais tradicionais da escola e de parte do público.

Mesmo assim, Virginia não recuou. Dobrou a aposta. Tem feito aulas de samba, buscado se preparar com seriedade. Nos bastidores, ela mostra que quer ocupar o posto com propriedade.

Entre críticas, pressões e expectativas, Virginia segue. Grava stories. Grava programa. Samba. Se expõe. Enfrenta a fase difícil. E isso, num mundo que cancela com um clique e esquece com dois, já é um importante ato de resistência.

Bem, chegou minha vez de fazer o pedido e, enquanto me entregava os meus pães quentinhos, a atendente da padaria soltou uma frase que ficou martelando na minha cabeça o dia inteiro: “Eu ainda torço por ela. Só queria que ela voltasse a ser mais ela mesma.”

Talvez nem tenha percebido, mas o que ela falou acabou me pegando forte. Porque, no fundo, é isso que o público sente quando uma celebridade entra numa fase mais turbulenta: uma saudade da essência. Uma vontade de reencontro. Talvez até a própria Virginia sinta essa mesma saudade. Mas, por tudo que já vi e já vivi cobrindo esse universo dos famosos, em certas etapas, por conta da estrutura financeira, das pessoas e de toda a pressão envolvida, recuar talvez não possa mais ser uma opção, ou pelo menos pareça não ser. Tá aí um famoso dilema.

A filósofa Pema Chödrön diz que “nada desaparece até que tenha nos ensinado o que precisamos saber”. Talvez essa seja justamente a fase em que Virginia mais esteja aprendendo. É um momento também de colocar as coisas na balança, de avaliar o que fica e o que sai.

Uma coisa é fato: sobreviver à fama já é difícil, mas continuar sendo feliz de verdade e mantendo a essência depois que a maré vira… realmente, é para poucos.

Problemas e desafios, todos nós sempre vamos ter. O importante é como vamos encará-los e o que vamos aprender com eles. Ela é jovem, tem apenas 26 anos.

Talvez o grande lance seja a gente, do lado de cá, fazer o exercício de julgar menos e tentar extrair lições e aprendizados para a nossa vida. E uma dose de empatia nisso tudo faz um bem danado. Até porque a vida, como a padaria, tem manhãs de pão quentinho saindo sem fila e outras em que a remessa atrasa e a gente precisa esperar. E a Virginia, ao que tudo indica, segue firme aguardando por novas fornadas. Mas, claro, é sempre bom lembrar que tudo fica melhor se o café também ainda estiver quente.