Frequentemente, a importância do sono é destacada em artigos médicos e discussões sobre saúde, bem como os malefícios da falta dele. No entanto, novos estudos estão mostrando que, embora o sono seja importante, cochilar demais pode ser motivo de preocupação — especialmente na velhice.

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Um estudo recente publicado no periódico “Alzheimer’s and Dementia” encontrou uma correlação significativa entre cochilos longos durante o dia e a doença de Alzheimer, sugerindo que o comportamento pode ser um precursor para o desenvolvimento da condição neurológica, juntamente com uma pior cognição com o passar dos anos.

Identificar essa relação tem sido uma tarefa difícil, com pesquisas muitas vezes produzindo resultados conflitantes, já que alguns estudos destacam os benefícios positivos de cochilar na vida adulta. Saiba mais com informações do “IFL Science”.

O estudo

Pesquisadores da Universidade da Califórnia (EUA) tinham como objetivo investigar as “sonecas” e o sono prolongado como um marcador para o envelhecimento e distúrbios neurológicos relacionados à idade. Tomando dados de 1,4 mil participantes com idade média de 81 anos, o estudo analisou a incidência de demência contra os hábitos de cochilo diurno.

Durante a pesquisa, cada indivíduo usava um dispositivo de actigrafia semelhante a um relógio de pulso que mede o sono. Todos compareceram às consultas de acompanhamento até 14 anos depois.

Os resultados

A pesquisa descobriu que adultos mais velhos tendem a cochilar mais e com mais frequência com a idade, e que a presença do Alzheimer dobrou a taxa em que os cochilos aumentaram à medida que os pacientes envelheciam. Cochilos diurnos longos e frequentes eram um indicador de Alzheimer e de pior cognição, e a relação era bidirecional: aqueles que cochilavam mais eram mais propensos a ter pior cognição, e aqueles com pior cognição eram mais propensos a cochilar mais no próximo ano.

Em média, para pessoas que não desenvolveram comprometimento cognitivo ou Alzheimer, o cochilo aumentou 11 minutos por dia. Aqueles diagnosticados com comprometimento cognitivo leve aumentaram seus cochilos em 24 minutos, enquanto aqueles diagnosticados com Alzheimer aumentaram seus cochilos em 68 minutos.

“Descobrimos que a associação entre cochilos diurnos excessivos e demência permaneceu após o ajuste da quantidade noturna e da qualidade do sono”, relatou Yue Leng, coautor da pesquisa. “Isso sugere que o papel do cochilo diurno é importante e independente do sono noturno.”

A equipe acredita que o estudo pode finalmente resolver o debate sobre se os cochilos e a demência estão ligados, e sugere que os dois possam compartilhar mecanismos semelhantes dentro do cérebro. Também é possível que o sono excessivo possa ser indicativo de doença, embora mais pesquisas precisem ser feitas.

“Acho que não temos evidências suficientes para tirar conclusões sobre uma relação causal, que é o próprio cochilo que causou o envelhecimento cognitivo, mas cochilos diurnos excessivos podem ser um sinal de envelhecimento acelerado ou processo de envelhecimento cognitivo”, finalizou o pesquisador.