Um grupo de pesquisadores descobriu que um exame portátil, de custo unitário inferior a R$ 20 e que fica pronto em 15 minutos pode ser usado para detectar a febre Chikungunya. Hoje, os resultados levam uma semana para ficar prontos e o exame custa cerca de R$ 240 na rede privada. A técnica mais eficiente, chamada de RT-RPA, já é usada no diagnóstico de outros vírus, como dengue, zika, febre amarela e Ebola. De acordo com os primeiros resultados, o teste pode vir a substituir a técnica RT-PCR, largamente utilizada em exames para detecção da Chikungunya.

O trabalho dos pesquisadores foi publicado nesta quinta (29) na plataforma PLOS Neglected Tropical Diseases, dedicada ao estudo de doenças tropicais negligenciadas. Os cientistas são vinculados aos institutos Robert Koch de Berlim e Pasteur de Paris e Dakar, além de outras instituições. Segundo eles, o diagnóstico mais veloz e menos custoso da febre Chikungunya “é muito importante para o efetivo combate aos surtos” e para “o gerenciamento clínico e o controle de vetores”. O fato de o exame também ser portátil, além de confiável e rápido, também conta pontos por permitir que as análises sejam feitas em campo.

A portabilidade da técnica RT-RPA é viável por dois motivos: aplicá-la requer menos equipamento, o que faz com que o kit de diagnóstico caiba em uma maleta, e os reagentes necessários para que o exame funcione não precisam de refrigeração e agem em temperaturas que variam de 25º C e 38º C.

Com a melhora no recolhimento e preparação das amostras, o custo da nova técnica pode cair ainda mais e chegar a US$ 1 por exame, ou cerca de R$ 3,25, sem impostos, no câmbio de 29 de setembro. A técnica também deve ser útil para detectar outras doenças. “Como nós já validamos a tecnologia RT-RPA também para diagnosticar vírus como Ebola, Febre Amarela, Dengue e Zika, temos certeza que o avanço dessa técnica será aceita como uma alternativa confiável e mais rápida à RT-PCR”, diz Matthias Niedrig, um dos responsáveis pelo estudo que integra o Instituto Robert Koch.

Como é feito o diagnóstico hoje
Na rede pública, os resultados dos exames para diagnosticar o vírus Chikungunya costumam levar sete dias para sair. As amostras dos pacientes precisam ser coletadas em um posto de saúde e enviadas a um laboratório da rede pública – hoje, apenas 28 estão aptos a fazer o diagnóstico. Além da técnica RT-PCR, o SUS (Sistema Único de Saúde) usa ainda os métodos de isolamento viral e sorologia.

Procurada, a assessoria de imprensa do Ministério da Saúde não soube informar o custo unitário desses procedimentos. Em levantamento feito por ISTOÉ com três laboratórios privados na cidade de São Paulo, o diagnóstico por RT-PCR custa entre R$ 535 e R$ 1,1 mil, enquanto a sorologia varia de R$ 240 a R$ 715.

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