O ex-vice-presidente equatoriano Jorge Glas “foi sequestrado” no ataque armado à embaixada mexicana em Quito, mas ainda possui status de asilado, disse nesta segunda-feira (8) à AFP a sua advogada, Sonia Vera.

Na noite de sexta-feira (5), uniformizados equatorianos invadiram a embaixada mexicana, onde Glas estava asilado desde dezembro.

A equipe jurídica espera que “a condição de asilado diplomático de Jorge Glas seja restabelecida. Ele continua tendo esse status, simplesmente porque foi sequestrado pelo governo equatoriano”, disse Vera.

O ex-vice-presidente foi retirado da legação diplomática e preso sob acusações de corrupção, as quais nega enfaticamente.

Como Glas ainda “tem o status de asilado político do governo mexicano (…) pedimos que seja devolvido à embaixada mexicana mais próxima no Equador”, disse.

Na opinião de Vera, a solução para a situação de Glas está na intervenção da comunidade internacional.

O México rompeu relações com o Equador e retirou todo o seu pessoal diplomático do país, mas Glas continua detido. O governo mexicano já anunciou que levará o caso à Corte Internacional de Justiça (CIJ).

A operação policial à embaixada, sem precedentes na história recente, foi condenada por muitos países do continente americano, Espanha, Bélgica e União Europeia, além de organizações como a ONU e a OEA.

Vera disse à AFP que Glas “está em risco grave, em risco iminente, nas mãos do Estado. Isso é um sequestro e acho que podem matá-lo a qualquer momento”.

– Advogados pedem acesso –

O ex-vice-presidente “está totalmente isolado e incomunicável”, portanto a equipe jurídica liderada por Vera solicitou formalmente a “restituição imediata dos canais de comunicação”, permitindo-lhe o acesso aos seus advogados.

Solicitou também o acesso “de observadores independentes” para verificar a integridade física e psicológica de Glas, assim como a visita de um médico designado pela sua família para verificar o seu estado de saúde.

A invasão militar da embaixada mexicana causou uma tempestade diplomática em todo o continente, devido à gravidade incomum do ocorrido.

Na opinião de Vera, “isso vai além de gostar ou não de Jorge Glas, ou de ser de direita ou de esquerda (…). O que o Estado equatoriano tem feito é um ataque brutal aos princípios básicos do direito internacional”.

“Por isso o repúdio. Atualmente o Equador é um Estado pária a nível internacional”, acrescentou.

As autoridades equatorianas justificaram o ataque à embaixada mexicana pelo risco de Glas abandonar o território equatoriano e acrescentaram que a condição de asilado não poderia ser concedida a pessoas acusadas de crimes comuns.

ahg/zm/aa