O americano Alberto Salazar, polêmico técnico do britânico Mo Farah até 2017 e de atletas que disputam o Mundial de Doha, foi suspenso por quatro anos por “incentivo” ao doping, anunciou nesta terça-feira a Agência Antidoping Americana (Usada).
Salazar, 61 anos, é um dos idealizadores do Oregon Project, um centro de treinamento de alto nível nos Estados Unidos financiado pela Nike e que acumula triunfos nas pistas há diversos anos.
A estrela britânica Mo Farah, tetracampeão olímpico e hexacampeão do mundo (5.000 e 10.000 metros) fez parte do projeto entre 2011 e 2017, assim como os americanos Galen Rupp (bicampeão olímpico) e Matthew Centrowitz (campeão olímpico dos 1.500 m em 2016).
diversos atletas treinados por Salazar disputam o Mundial de atletismo de Doha: a holandesa Sifan Hassan conquistou no sábado o ouro nos 10.000 m e buscará o título dos 1.500 m, enquanto os americanos Clayton Murphy e Donovan Brazier estão classificados para a final dos 800 m de terça-feira.
Alberto Salazar foi suspenso por “organizar e incentivar uma conduta dopante proibida”, explicou a Usada em comunicado.
O técnico é acusado pela Usada de tráfico de testosterona, de ter injetado seus atletas com o ácido L-carnitina além das doses autorizadas e de ter tentado impedir a entidade de coletar informações.
Além de Salazar, o endocrinologista Jeffrey Brown, que trabalha pontualmente para o Oregon Project, também foi suspenso por quatro anos.
“Com o Nike Oregon Project, Salazar e Brown mostraram que a vitória era mais importante para eles do que a saúde dos atletas que eles juraram proteger”, criticou o diretor da Usada, Travis Tygart.
A Usada afirmou ter juntado durante a investigação “diversas provas” contra Salazar e Brown, incluindo “provas oculares, testemunhos, mensagens eletrônicas e relatórios médicos”.
Salazar, ex-maratonista renomado e polêmico por trabalhar no limite dos regulamentos, negou todas as acusações e afirmou que irá apelar da decisão.
“Estou chocado pela decisão. Durante os seis anos de investigações meus atletas e eu sofremos um tratamento injusto, não ético e prejudicial pela Usada”, escreveu em comunicado o técnico.
“Eu sempre prezei pelo severo respeito do Código mundial antidoping. O Oregon Project jamais permitiu e jamais permitirá a prática dopante”.
Em 2017, um relatório da Usada sobre os métodos de Salazar foi descoberto pela imprensa, obrigando Mo Farah a negar qualquer envolvimento com doping.
gph-rcw-rg/dhe/am