Se o Flamengo vive a sua melhor fase no ano, deve, e muito, à dupla Gabriel e Bruno Henrique. Os ex-santistas foram os principais destaques dos confrontos contra o Internacional, nas quartas de final da Copa Libertadores, por exemplo. No jogo de ida, Bruno Henrique marcou os dois gols na vitória por 2 a 0, no Maracanã, e encheu o torcedor flamenguista de esperança. Mas faltava a segunda partida. No Beira-Rio, nesta quarta-feira, no entanto, coube a Gabriel balançar a rede no empate por 1 a 1 e garantir o time do Rio de Janeiro na semifinal da competição continental.

A boa performance da dupla vem do entrosamento obtido quando defendiam o Santos, na temporada passada. O curioso é que os dois demoraram para engrenar no Flamengo depois de o clube agitar o mercado no início da temporada ao investir alto nas contratações de ambos. Na Vila Belmiro, eles faziam menos barulho. Na Gávea, estouraram. No início do ano, então sob o comando do técnico Abel Braga, os dois oscilaram muito de rendimento e até ficaram no banco algumas vezes. Hoje é impensável ver Gabriel e Bruno Henrique fora do ataque rubro-negro.

O rendimento dos atacantes mudou sob o comando do técnico português Jorge Jesus. A alteração foi fundamental para que ambos subissem de produção e o Flamengo passasse por cima dos adversários tanto na Libertadores quanto no Campeonato Brasileiro – o time lidera o Nacional. Bruno Henrique agora joga mais próximo de Gabriel, formando dupla ofensiva em um 4-1-3-2. Os dois têm trocado de posições constantemente durante as disputas, de acordo com a estratégia de Jorge Jesus para confundir a marcação adversária. Tem dado muito certo. Quando não é um que brilha, é o outro.

Metade dos gols do Flamengo na temporada foi marcada pela dupla. Dos 88 gols do time neste ano, em todas as competições, os atacantes balançaram as redes 44 vezes. Exatamente a metade. “Ele e o Bruno já jogam quase de olhos fechados. Tenho o privilégio de ter uma linha de frente com jogadores de muita qualidade, criatividade e velocidade. Pelo menos, vamos ter uma ou duas oportunidades de gol nos jogos. E vai ser esse o nosso caminho”, elogiou o técnico Jorge Jesus. Antes de marcar contra o Internacional no Beira-Rio, Gabriel perdeu duas oportunidades claras. Nem por isso, ele desanimou. Continuou tentando até marcar.

Com capacidade, força e talento capazes de decidir qualquer partida, Gabriel e Bruno Henrique tornaram o Flamengo mais atraente aos olhos do torcedor. Os dois têm correspondido às expectativas e formam, com Arrascaeta e Éverton Ribeiro, um quarteto ofensivo de muita qualidade. Não à toa, Bruno Henrique foi premiado com a convocação para a seleção brasileira de Tite nos amistosos contra Peru e Colômbia, no mês que vem, nos Estados Unidos. Após a partida de quarta-feira contra o Internacional, o atacante fez questão de lembrar que só foi lembrado por Tite por causa do time rubro-negro.

“Fui convocado para defender meu País, estou muito feliz. Se não fosse o Flamengo, a ajuda de todos, não estaria na seleção. Tenho de agradecer ao Flamengo primeiramente e continuar dando continuidade ao trabalho, que não pode parar por aqui. E não posso deixar subir à cabeça por ter sido convocado. Primeiramente penso no Flamengo, depois em outras coisas”, disse Bruno Henrique.

Chama atenção também a identificação de ambos com a torcida do Flamengo em tão pouco tempo Os dois já estão completamente adaptados ao clube e às maneiras do torcedor carioca. Gabriel faz pose quando marca gols. E isso o torcedor adora. A sintonia entre ambos conquistou os rubro-negros nas arquibancadas, não há dúvidas. Gabriel, por exemplo, ganhou um sósia e gosta de comemorar levantando placas feitas pelos próprios torcedores. Já teve “Festa na Favela” e “Hoje tem Gol do Gabigol”.

“Jogar no Flamengo não tem explicação. É uma coisa que só quem joga, faz parte de estar representando a nação, sabe o quanto é importante vestir essa camisa”, disse Bruno Henrique depois da classificação na Libertadores. Agora a esperança da torcida é de que eles continuem brilhando juntos para que possam conduzir o Flamengo aos títulos que não foram conquistados nas temporadas anteriores. Fazia 35 anos que o Flamengo não chegava à semifinal de uma Libertadores.