CIDADE DO MÉXICO, 25 AGO (ANSA) – O ex-procurador-geral do México Jesús Murillo Karam será julgado por sua atuação durante o inquérito que investigava o desaparecimento de 43 estudantes de Ayotzinapa em 2014, decidiu a justiça mexicana na noite desta quarta-feira (24).
Segundo o juiz Marco Antonio Fuerte Tapi, Karam responderá por sua suposta participação no sequestro, além de desaparecimento forçado, tortura e prejuízo à administração pública.
O ex-procurador, que ficou no cargo entre 2012 e 2015, foi preso no dia 19 de agosto após ser acusado de manipular a investigação. A detenção ocorreu no dia seguinte à comissão da verdade do governo publicar um relatório em que informava que o desaparecimento e a morte dos jovens era “um crime de Estado”.
O documento afirmava ainda que diversos níveis de poder estavam envolvidos no desaparecimento e que havia provas de que o inquérito havia sido manipulado para proteger nomes políticos e militares nacionais e locais.
A mídia mexicana afirma que Karam é só o primeiro dos agentes públicos a ser indiciado pelo desaparecimento nessa nova fase de ações públicas pelo crime.
Além dos políticos, ex-políticos e militares que devem responder judicialmente, membros do grupo de narcotraficantes Guerreros Unidos também devem ser indiciados.
O desaparecimento dos 43 jovens da escola Isidro Burgos ocorreu entre os dias 26 e 27 de setembro de 2014, quando o grupo se dirigia de Ayotzinapa para a cidade de Iguala. Os estudantes tinham como objetivo ir para a capital, a Cidade do México, para participar de protestos sociais.
Até hoje, os restos mortais de apenas três jovens foram oficialmente confirmados por exame de DNA. No entanto, a comissão da verdade afirma que não há nenhuma possibilidade de que algum deles tenha sobrevivido ao ataque. (ANSA).