O ex-presidente do Peru, Alejandro Toledo, solicitou nesta sexta-feira (3) sua saída da prisão para receber tratamento contra câncer, em sua primeira intervenção no julgamento que enfrenta por supostamente ter recebido propinas milionárias da construtora brasileira Odebrecht.

“Peço-lhes por favor, tem a ver com o tema da minha saúde, peço que eu possa me defender em liberdade […] Tenho câncer”, suplicou Toledo, de 77 anos, com a voz embargada ao se dirigir ao tribunal.

Toledo sugeriu inclusive que fosse colocado em “prisão domiciliar” caso não recupere sua liberdade, segundo a audiência transmitida pelo canal do Poder Judiciário, à qual a imprensa não teve acesso.

O ex-governante (2001-2006) citou como exemplo a situação legal de outros dois ex-presidentes que o sucederam, Pedro Pablo Kuczynski e Ollanta Humala, que respondem em liberdade em outros julgamentos derivados do escândalo Odebrecht no Peru.

Toledo ressaltou que é “vital” ter acesso a uma clínica para o tratamento do câncer. Contudo, não especificou seu tipo de câncer, mas assinalou que, há 15 anos, sofre de “sérias enfermidades”, que foram tratadas nos Estados Unidos.

O ex-presidente está detido desde 23 de abril em uma pequena prisão para ex-presidentes a leste de Lima, onde cumpre 18 meses de prisão preventiva, após ser extraditado pelos Estados Unidos. No presídio também estão os ex-presidentes Alberto Fujimori (1990-2000) e Pedro Castillo (2021-2022).

Toledo começou a ser julgado em 17 de outubro por supostamente receber 35 milhões de dólares (R$ 171 milhões, na cotação atual) em propina. O Ministério Público pediu 20 anos e seis meses de prisão pelos supostos crimes de conluio e lavagem de dinheiro em prejuízo do Estado.

Segundo acusação, a propina permitiu à Odebrecht ganhar uma concessão para construir um trecho da rodovia Interoceânica Sul, entre Peru e Brasil.

Toledo nega as acusações desde que a Odebrecht revelou, em 2016, à Justiça dos Estados Unidos um esquema de corrupção a nível regional para obter concessões de obras públicas.

O esquema de corrupção de Odebrecht abrange quatro ex-presidentes do Peru. Além de Toledo, o MP investigou Alan García (2006-2011), que se suicidou em 2019, antes de ser detido, Ollanta Humala (2011-2016) e Pedro Pablo Kuczynski (2016-2018).

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