Ex-presidente do Uruguai Pepe Mujica morre aos 89 anos (2)

SÃO PAULO, 13 MAI (ANSA) – O ex-presidente do Uruguai José “Pepe” Mujica (2010-2015), diagnosticado com câncer de esôfago em abril do ano passado, morreu nesta terça-feira (13), aos 89 anos.   

A causa da morte ainda não foi divulgada, mas o ícone da esquerda latino-americana, além do câncer, também sofria de uma doença imunológica há mais de 20 anos nunca revelada.   

A informação foi anunciada pelo atual presidente do Uruguai, Yamandú Orsi, apadrinhado de Mujica, em uma publicação nas redes sociais.   

“É com profundo pesar que anunciamos o falecimento do nosso colega Pepe Mujica. Presidente, ativista, líder e líder.   

Sentiremos muita falta de você, querido velho. Obrigado por tudo o que você nos deu e pelo seu profundo amor pelo seu povo”, escreveu o pupilo do ex-mandatário.   

Ontem (12), a esposa de Mujica, Lucía Topolansky, já havia anunciado que o líder uruguaio, amigo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, estava em estado terminal e passava por cuidados paliativos.   

“É o fim”, declarou a ex-primeira-dama e ex-vice-presidente ao site uruguaio “La Diaria”, acrescentando que os médicos estavam “tentando fazer isso acontecer da melhor maneira possível”, já que “é um fim que já foi anunciado”.   

“Estou com ele há mais de 40 anos”, afirmou Topolansky, acrescentando: “Estarei com ele até o fim. Essa foi a minha promessa. O que tentamos fazer é preservar a privacidade da nossa família, mas com um personagem como Pepe, isso é um pouco impossível”.   

Nascido José Alberto Mujica Cordano, em Montevidéu, em 20 de maio de 1935, o político tornou-se membro da guerrilha Movimento de Libertação Nacional – Tupamaros, nos anos 1960. O grupo foi responsável por assaltar bancos e distribuir comidas e dinheiro roubado aos pobres.   

Atuando na clandestinidade, o líder uruguaio foi ferido por quatro vezes em conflitos com forças policiais do país. No total, ele conseguiu escapar duas vezes da prisão, mas foi recapturado em 1972.   

Durante a ditadura militar no país em 1973, Mujica foi torturado e viveu em condições precárias. Ele, inclusive, passou longos períodos na solitária e só foi libertado após 14 anos, quando um decreto de anistia foi promulgado.   

Desde então, o uruguaio ajudou a fundar a legenda de esquerda Movimento de Participação Popular (MPP) e foi eleito deputado em 1994 e, em 1999, senador. Mujica tornou-se ministro da Agricultura em 2005, ano em que Tabaré Vázquez (1940-2020) foi eleito presidente.   

Já em 2010, Mujica assumiu a liderança do Uruguai até 2015 e tornou-se uma referência mundial em políticas de esquerda. Seu período no poder também foi marcado pela descriminalização do aborto e a legalização do casamento LGBT.   

Ele também ficou conhecido por sua postura e a vida simples e pela proposta para legalizar o consumo e a venda da maconha, o que acabou se concretizando no país. (ANSA).