Na semana em que o Barcelona comemorou os 25 anos do golaço de Ronaldo Fenômeno contra o Compostela, uma revelação do ex-presidente do clube catalão Joan Gaspart sobre o pentacampeão entrou para os registros dos históricos bastidores do futebol.

Gaspart contou em entrevista à rádio espanhol Noche, de Onda Cero, que precisou se disfarçar de camareiro para conseguir chegar até o ex-jogador brasileiro e consolidar a contratação do então jovem craque em 1996.

“O clube do Ronaldo [PSV] certamente se arrependeu da transferência. Havia uma cláusula, que é muito normal, a qual dizia que um contrato com um clube não é válido até ao momento em que o jogador assina. Ele vivia no Brasil, estava na Seleção Brasileira, nós já tínhamos assinado com o clube [PSV], mas não com o jogador. Tínhamos tudo acordado, mas faltava assinar. E a cláusula existia para que, se em determinada data o jogador não tivesse assinado, o contrato ficaria nulo”, começou o então vice-presidente do Barça em 1996.

Joan conta que precisou ficar cercando o fenômeno para poder conseguir falar com ele no quarto de hotel em que o fenômeno estava hospedado.

“Eu creio que o PSV, juntamente com o chefe de delegação da Seleção Brasileira, fez o impossível para que eu não me encontrasse com o Ronaldo, nem que me aproximasse dele. Os dois ‘gorilas’ [seguranças] que estavam junto ao elevador, o mais pequeno media uns dois metros e meio… Nem tentei, subi umas vezes e nem saí do elevador”, relata.

Com a dificuldade de fazer o contato com o camisa 9, o dirigente teve a ideia de se passar por um camareiro e alegar que algum jogador tinha feito um pedido de bebida para poder falar com Ronaldo e passar pelos seguranças.

“Mas quando chegou um ’empregado’ a dizer que tinham feito um pedido a partir do quarto, os dois [seguranças] que estavam junto ao elevador pensaram que ‘bem, um jogador tinha pedido uma Coca Cola’ e deixaram-me passar. Fui direto ao quarto do Ronaldo com a minha Coca Cola e a minha bandeja. A partir dali o Ronaldo assinou pelo Barcelona na cama do seu quarto”, completou.

Mesmo após ter completado a ‘missão impossível’ de passar pela segurança, Gaspar relembrou que ainda teve de convencer o jogador de que era mesmo o então vice-presidente do clube espanhol.

“Ele não me conhecia. Ligou para o empresário dele e disse ‘há aqui um senhor’ e ele ‘passa o telefone para ele’. Ronaldo me passou o telefone e falei com ele [empresário, Juan Figer] e disse-lhe ‘escuta, tive de fazer assim’. E  ele ‘não há problema, passa o telefone ao Ronaldo e digo-lhe que é você’. E aí Figer disse: ‘Ronaldo, podes assinar tranquilamente’. Assinou e eu escondi o contrato na roupa, para que os ‘gorilas’ não o vissem. Depois encontrei-me com o chefe da delegação do Brasil e disse para ele: ‘Temos duas soluções: uma, amanhã convoco uma conferência de imprensa e apresento o Ronaldo como novo jogador com o contrato na mão; outra, Ronaldo, eu e você apresentamos o Ronaldo como novo jogador do Barcelona e ficamos todos bem”, finalizou.

Como já está na história, a segunda opção foi colocada em prática. Ronaldo atuou na temporada de 1996/1997 pelo Barcelona e marcou 47 gols em 49 jogos, com direito ao posto de artilheiro do Campeonato Espanhol daquela edição com 34 gols.