O ex-presidente boliviano e candidato à presidência Carlos Mesa pediu nesta segunda-feira ao governo transitório que promova um “acordo nacional” para definir a data das próximas eleições, em meio à emergência do novo coronavírus.

“É imperativo definir um caminho claro para termos, no prazo que a pandemia permitir e tomando os cuidados com a saúde e vida dos cidadãos, um governo que surja da vontade popular expressa nas urnas”, escreveu Mesa à presidente interina, Jeanine Áñez, em carta divulgada nesta segunda-feira.

Segundo Mesa, a Bolívia sofre “as consequências de uma crise política e institucional severa, resultado da anulação das eleições de outubro passado”, que levaram à renúncia do presidente Evo Morales semanas depois.

As eleições foram marcadas para 3 de maio e adiadas por tempo indefinido. A Bolívia contabiliza 1.594 casos do novo coronavírus e 76 mortos.

Ante o clima de polarização recente, o centrista Mesa considerou “imprescindível um diálogo o quanto antes, que pavimente um acordo nacional que defina políticas de Estado que todos assumamos o compromisso de respaldar”.

Nos últimos dias, surgiu uma disputa entre o Movimento ao Socialismo (MAS, esquerda) – partido de Morales, refugiado na Argentina – e o governo interino de Jeanine, candidata da direita nas próximas eleições.

A disputa ganhou força no fim de semana, depois que o Congresso boliviano, controlado pelo MAS, aprovou uma lei que convoca eleições para renovar o Executivo e Legislativo em um prazo de 90 dias, que Jeanine se negou a validar. “Em defesa da vida e saúde dos bolivianos, rejeito as eleições convocadas pelo MAS”, tuitou a presidente interina.

O Superior Tribunal Eleitoral (TSE) havia sugerido à Assembleia que definisse uma nova data para as eleições entre 28 de junho e 27 de setembro.

Uma pesquisa realizada em março situou o candidato do partido de Morales, Luis Arce, com 33,3% das intenções de voto, seguido de Mesa (18,3%) e Jeanine (16,9%).