13/06/2016 - 9:48
O ex-primeiro-ministro britânico Gordon Brown, que entrou em cena no referendo de independência da Escócia e foi considerado decisivo para a vitória do “Não”, assumiu a liderança da campanha trabalhista para manter o Reino Unido na União Europeia (UE).
A campanha foi até o momento uma batalha entre conservadores, liderados de um lado pelo primeiro-ministro David Cameron, defensor da permanência, e pelo ex-prefeito de Londres Boris Johnson, partidário da saída, no outro campo.
A passividade do líder trabalhista Jeremy Corbyn provocou inquietação e resultou na presença de Brown, assim como quando protagonizou a campanha no referendo de independência da Escócia em 2014.
Na ocasião, Brown defendeu a permanência da Escócia no Reino Unido. Agora ele defende a permanência do Reino Unido na UE, a apenas 10 dias da votação, em 23 de junho, em um momento no qual as pesquisas apontam uma vantagem do Brexit.
“Queremos demonstrar, e os líderes europeus com os quais converso desejam que assim seja, que o Reino Unido pode liderar a Europa”, disse Brown à rádio BBC.
Brown não foi um primeiro-ministro muito popular (2007-2010), mas parece ter encontrado seu espaço político nos referendos. Agora, sob o lema “liderar, não sair” (“lead not leave”), ele repete a campanha positiva e otimista que teve um papel crucial para a vitória dos unionistas na Escócia.
“O Reino Unido liderou a Europa contra o fascismo, o Reino Unido criou a Convenção Europeia de Direitos Humanos, o Reino Unido liderou os esforços para persuadir o leste da Europa a integrar a União Europeia, o Reino Unido sempre liderou quando as coisas estavam difíceis na Europa, e acredito que é o momento de voltar a ser líder”, completou.
– O imigrantes não são ruins –Brown minimizou o drama de alguns com a chegada de milhares de imigrantes europeus, uma das inquietações dos velhos eleitores trabalhistas e principal bandeira da campanha do Brexit.
“Acredito que no Reino Unido administramos bem a imigração. Não é uma imigração descontrolada”, disse, antes de citar os “médicos nos hospitais e as enfermeiras em nossos serviços de saúde que vieram de fora”.
“Há pessoas qualificadas que chegam a este país e para as quais as empresas estão desesperadas para dar emprego”, recordou Brown, de 65 amos.
Duas pesquisas divulgadas no fim de semana apontam a vantagem dos partidários do Brexit, que utilizam como mantras a recuperação da soberania perdida e o freio na imigração da Europa.
A média das últimas seis pesquisas elaborada pelo site WhatUKThinks aponta um empate nesta segunda-feira.
Após os discursos de governantes estrangeiros e organizações internacionais a favor da permanência na UE – Barack Obama, Angela Merkel, FMI, OCDE, entre outros -, esta semana será a vez do primeiro-ministro irlandês Enda Kenny, cujo país tem muito em jogo na disputa.
A Irlanda é o único país com limite por terra com o Reino Unido, na Irlanda do Norte, e a saída de Londres obrigaria o país a instaurar controles de fronteira.
Kenny participará em comícios em Belfast, Manchester e Glasgow.
“Corresponde aos britânicos decidir seu voto, mas há muitos donos de passaportes irlandeses no Reino Unido e pessoas de origem irlandesa que pode votar e é importante que saibam do que interessa à Irlanda”, disse um porta-voz do governo irlandês.
A Irlanda conquistou a independência em 1922 e os irlandeses conservaram o direito de voto no Reino Unido, caso vivam no país, e assim serão os únicos cidadãos da UE com direito a voto em 23 de junho, além dos eleitores de Malta, que integra a Commomwealth (Comunidade Britânica de Nações).
al.zm/fp