NOVA YORK, 25 JUN (ANSA) – O ex-policial Derek Chauvin foi condenado nesta sexta-feira (25) a 22 anos e meio de prisão pelo assassinato de George Floyd, afro-americano cuja morte provocou os maiores protestos em décadas nos Estados Unidos contra a brutalidade policial e reivindicando justiça racial.   

A sentença de 270 meses foi anunciada pelo juiz Peter Cahill, que explicou que um memorando de 22 páginas foi anexado à sua decisão para explicar suas razões. “Minha decisão não é baseada na emoção ou na opinião pública. Mas quero destacar a dor que a família de Floyd está sentindo”, disse o magistrado.   

Em abril passado, Chauvin, 45 anos, foi declarado culpado pela morte de Floyd, homem negro asfixiado durante uma abordagem policial em maio de 2020, em Minneapolis, nos Estados Unidos.   

Na ocasião, um júri popular considerou o ex-agente culpado em todas as três acusações: homicídio em segundo grau (quando inicialmente não há intenção de matar, mas o réu mata enquanto comete intencionalmente outro crime); homicídio culposo em segundo grau (quando o réu assume o risco de assassinar alguém ao ter uma atitude imprudente) e homicídio em terceiro grau (quando o réu age sem levar em consideração o risco à vida humana).   

Ele está detido em um centro penitenciário do estado de Minnesota desde então. No ano passado, Chauvin já havia sido preso, poucos dias depois do crime, mas deixou a cadeia após pagamento de uma fiança de US$1 milhão.   

Pouco antes da leitura de sua pena, Chauvin falou pela primeira vez e ofereceu seu pêsames aos familiares de Floyd. Durante todo o julgamento, o ex-policial se recusou a depor perante ao tribunal. “Quero apresentar as minhas condolências à família Floyd”, afirmou.   

Na audiência, o procurador-geral assistente de Minnesota, Matthew Frank, pediu ao tribunal uma sentença de 360 meses, ou seja, 30 anos, porque Chauvin utilizou força desproporcional contra um homem que clamava pela vida.   

Durante a abordagem policial que culminou na morte de Floyd, o segurança negro repetiu a frase “não posso respirar” por diversas vezes, mas não teve sua súplica atendida. “Floyd foi tratado com crueldade. Todos vimos”, disse o procurador.   

A decisão de Cahill levou em consideração quatro “fatores agravantes”: agir com “crueldade particular”, “atuar com o apoio de um grupo”, “abusar da autoridade de policial” e “cometer o crime em frente a uma criança”.   

A pena máxima para todas as acusações poderia atingir 40 anos.   

Dezenas de pessoas aguardaram a sentença no lado de fora do tribunal, carregando fotos de Floyd e banners.   

Crime – Em 25 de maio de 2020, Chauvin foi filmado ajoelhado sob o pescoço de Floyd, que ficou imobilizado com o rosto para baixo e algemado por mais de nove minutos, o que provocou o seu sufocamento, durante uma abordagem policial em Minneapolis.   

Os agentes estavam no local porque o ex-segurança negro, com 46 anos, teria tentado pagar uma conta em uma mercearia com uma nota falsa de US$ 20.   

A morte do afro-americano foi o estopim para milhares de pessoas irem às ruas dos Estados Unidos e do mundo para protestar contra a injustiça racial e a brutalidade policial.   

Vandalismo – Mais cedo, uma estátua em homenagem a George Floyd foi vandalizada em Nova York, nos Estados Unidos. O busto do afro-americano amanheceu coberto de tinta preta e com o nome de um pequeno grupo de extrema direita.   

A escultura foi inaugurada no Brooklyn no último sábado (19), como parte das celebrações do Juneteenth. Além dela, uma outra estátua de Floyd também apareceu vandalizada com a mesma inscrição, em frente à prefeitura de Newark, em Nova Jersey, de acordo com a imprensa americana. (ANSA)