O ex-ministro Raul Jungmann, chefe das pastas da Defesa e da Segurança Pública durante o mandato de Michel Temer (MDB), afirmou que, sozinhos, os governos estaduais “não têm ferramentas” para combater o PCC (Primeiro Comando da Capital), e o governo Lula (PT) não tem uma “coordenação nacional” de atuação com esse objetivo.
“Não há, a nível nacional, um sistema de combate à criminalidade. A segurança no Brasil opera com captura e encarceramento, o que só fortalece o crime organizado. Esse é um modelo funcional para a violência”, disse Jungmann em seminário promovido pelo Iree (Instituto para Reforma das Relações entre Estado e Empresa) para discutir a segurança pública, nesta segunda-feira, 26, em São Paulo.
Para o ex-ministro, as medidas prioritárias para integrar as ações de combate e desarticular as facções devem ser a efetivação do Susp (Sistema Único de Segurança Pública) e a efetivação de uma Lei Antimáfia de funcionamento nacional.
Ações federais em cheque
Uma pesquisa divulgada pela Genial/Quaest em abril de 2025 mostrou que violência e segurança pública são consideradas problemas nacionais para 70% dos brasileiros e, portanto, o combate cabe aos governos federal e estaduais de forma compartilhada.
Diante do cenário, o governo Lula tem trabalhado pela aprovação da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) da Segurança Pública. Mas o projeto enfrenta críticas de governadores, que têm sob sua alçada as principais forças de segurança do país — e, portanto, papel central no combate ao crime organizado.
Um dos exemplos é Ronaldo Caiado (União Brasil), governador de Goiás, que em entrevista à IstoÉ classificou a proposta como “um golpe sobre todos os estados, porque retira o direito constitucional dado a nós [gestões estaduais] para administrar as penitenciárias e as forças policiais”.