Ex-ministra de Bolsonaro toma a frente para Brasil responder tarifas de Trump

Ueslei Marcelino/Reuters
Bolsonaro e Tereza Cristina participam de cerimônia no Palácio do Planalto Foto: Ueslei Marcelino/Reuters

Na semana em que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou um “tarifaço” sobre produtos de outras nações para se armar na guerra comercial, o Congresso brasileiro aprovou uma medida que permite ao país responder às tarifas americanas — são 10% sobre as importações do Brasil.

Em um intervalo de dois dias, Senado e Câmara deram aval à Lei da Reciprocidade Comercial, que respalda a aplicação de tarifas recíprocas às impostas por qualquer Estado. Com isso, falta só a sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que já deu sinais favoráveis a uma resposta desse tipo — empregada com sucesso por Canadá e México para reagir à artilharia da Casa Branca.

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No Senado, a autoria do texto foi de Tereza Cristina (PP-MS), ministra da Agricultura e Pecuária de Jair Bolsonaro (PL), aliado e admirador de Trump. Após a votação, ela defendeu a resposta a “taxações desproporcionais”. “Os EUA e a Europa têm leis que os protegem, e o Brasil ainda não tinha esse instrumento, que nos permitirá proteger os produtos brasileiros”, disse à CNN Brasil.

Já o ex-presidente defendeu o “tarifaço” e afirmou que entrar numa guerra comercial com os EUA “não é uma estratégia inteligente”. Inelegível até 2030, o ex-presidente se mantém ao lado da direita radical internacional; adotar a reciprocidade, por outro lado, alinha o Brasil a governos que têm se oposto ao americano, conforme registrou a IstoÉ.

Um grupo mais ideológico do PL também se opôs à proposta porque conta com Trump para planos políticos futuros. Filho do ex-presidente, o deputado Eduardo Bolsonaro (SP) pediu licença do mandato para morar nos EUA e pedir ajuda à Casa Branca para punir Alexandre de Moraes, ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) e relator do inquérito que pode condenar seu pai por tramar um golpe de Estado. Um deputado dessa linha ouvido pela IstoÉ preferiu dizer que “ainda é cedo” para avaliar os impactos da lei.

Mas outro setor majoritariamente formado pela direita tomou a frente na discussão: a FPA (Frente Parlamentar do Agronegócio), defendendo os interesses de um setor cujos negócios são diretamente impactados por sobretaxas de importação — não apenas as americanas. Embora seja próxima de Bolsonaro, Tereza Cristina está nesse campo.