O ex-militar Antauro Humala, líder de uma corrente nacionalista no Peru e que foi preso por liderar uma rebelião contra o governo constitucional em 2005, anunciou nesta terça-feira que irá se candidatar à presidência, para refundar a república.
“O Peru precisa de uma mudança em sua concepção de república, que está morrendo” após 200 anos de independência da Espanha, justificou o ex-major do Exército, irmão do ex-presidente Ollanta Humala (2011-2016).
“Abandonamos o caminho rebelde para chegar ao poder, vamos pelo caminho convencional”, declarou em entrevista à Associação de Imprensa Estrangeira, a primeira desde que saiu da prisão, em 20 de agosto. “Quero ter a oportunidade de dirigir o destino de meu país, farei o possível para ser presidente do Peru.”
Antauro Humala, 59, foi libertado antecipadamente depois de passar 17 anos e meio preso pela rebelião contra o governo do presidente Alejandro Toledo (2001-2006), que deixou seis mortos. Também liderou a Revolta de Locumba, em 29 de outubro de 2000, com seu irmão Ollanta, então comandante do Exército, para exigir a renúncia do presidente Alberto Fujimori (1990-2000) após a sua segunda reeleição.
Atualmente, Antauro e Ollanta – que fundou o Partido Nacionalista Peruano com sua mulher, Nadine Heredia – são rivais políticos.
– ‘Orgulho étnico’ –
“Não somos regidos por conceitos ideológicos de direita e esquerda, e sim pelo globalismo x nacionalismo”, assinalou Antauro Humala, que defendeu “injetar orgulho étnico e cultural por nossa raça de cobre”, população predominante no país.
O ex-militar professa o “etnocacerismo”, variante nacionalista que exalta os povos andinos do Peru e o império inca. “O vínculo sanguíneo determina a nacionalidade, a hegemonia da raça de cobre deve prevalecer”, reforçou, ao explicar seu projeto político “etnonacionalista”.
O “etnocacerismo” foi fundado por Ollanta, Antauro e seu pai, Issac Humala, advogado e ex-militante comunista na década de 1980. Antauro rejeitou qualquer comparação com o nacional-socialismo do ditador Adolf Hitler.
“A diferença é que ele dizia que a raça ariana, que estava no topo (da sociedade), deveria dominar o mundo. Nós dizemos que a raça de cobre está no porão”, disse Antauro. “Não é a mesma coisa, porque eles se sentiam superiores. Nós queremos fazer humanismo com a raça de cobre.”
Antauro Humala propõe o fuzilamento dos ex-presidentes que tenham incorrido em corrupção. “A alta corrupção presidencial deve ser considerada uma traição à pátria, para que seja punida com pena capital por fuzilamento”, declarou. Nessa categoria, figuram potencialmente o presidente Pedro Castillo e os ex-presidentes Alejandro Toledo (2001-2006), Pedro Pablo Kuczynski (2016-2018) e Ollanta Humala.