PALERMO, 08 JUN (ANSA) – O ex-chefe da Cosa Nostra Salvatore “Totò” Riina, 86 anos, participou nesta quinta-feira (8), por meio de videoconferência, de uma audiência do processo sobre as relações entre o Estado da Itália e a máfia.   

Encarcerado desde janeiro de 1993 e condenado a 19 penas de prisão perpétua, Riina nunca aceitou se submeter a um interrogatório e até hoje só deu declarações espontâneas. E desta vez não foi diferente. Preso a uma maca na penitenciária de Parma, acompanhou a sessão do julgamento, que acontece no Tribunal de Palermo, mas não se pronunciou.   

O processo diz respeito às suspeitas de que o Estado tenha oferecido relaxamento de sentenças a mafiosos em troca do fim dos atentados cometidos pela Cosa Nostra, que, entre outros, mataram os juízes Giovanni Falcone e Paolo Borsellino, ambos a mando de Riina.   

“Totò” comandou o clã dos Corleone entre 1982 e 1993 e é considerado o mais sanguinário dos mafiosos italianos, tendo instaurado um período de terror na Sicília. Para muitos, inclusive o presidente do Senado, Pietro Grasso, ele continua sendo o verdadeiro líder da Cosa Nostra.   

Sua presença no julgamento aconteceu três dias depois de a Corte de Cassação, espécie de Supremo Tribunal Federal da Itália, ter emitido uma sentença dizendo que até Riina merecia uma “morte digna”.   

O posicionamento foi uma resposta a um recurso dos advogados do mafioso que pedia a anulação das penas ou sua transferência para o regime domiciliar devido ao deteriorado estado de saúde do ex-líder da Cosa Nostra, que sofre de problemas neurológicos e renais e sequer consegue sentar sozinho.   

A Cassação então anulou uma sentença do Tribunal de Vigilância Penal de Bolonha contra o pedido da defesa e ordenou que o caso fosse reavaliado pela mesma corte, que terá a palavra final.   

“Não devemos esquecer que Riina é ainda o chefe da Cosa Nostra e que a lei dá a possibilidade de interromper o regime 41 bis em caso de colaboração”, declarou Grasso nesta quinta.   

O “41 bis”, imposto a Riina e a outros líderes mafiosos, é um regime que permite a suspensão das regras normais de tratamento aos detentos e mantém o preso em isolamento constante. (ANSA)