Cerca de 80 ex-guerrilheiros das FARC serão evacuados da zona de reincorporação à vida civil diante das crescentes ameaças e homicídios contra ex-combatentes e familiares nesse local no noroeste da Colômbia, informou nesta sexta-feira (3) o governo.

O conselheiro presidencial para a Estabilização e Consolidação, Emilio Archila, anunciou que 74 ex-guerrilheiros e 19 membros da comunidade, residentes desse setor no município de Ituango, Antioquia, serão transferidos para Mutatá, no mesmo departamento, por causa dos problemas de segurança.

Em 15 de julho, os signatários do histórico acordo de paz, de 2016, deixarão a chamada Área Territorial de Reincorporação (ETCR) em Santa Lucía, “após o assassinato de 11 reincorporados em Ituango e dois dos seus parentes – entre eles um menor – e as contínuas ameaças”, declarou o partido das FARC, em comunicado.

A prefeita de Mutatá, Maria Exilda Palacios, garantiu que seu município também “já foi alvo da violência”, mas agora “é um território que acredita na reconciliação” e “no retorno dos ex-combatentes à legalidade”.

De acordo com a Agência Estadual de Reincorporação e Normalização (ARN), os ex-guerrilheiros serão realocados para duas propriedades que estão para ser alugadas, que juntas totalizam cerca de 137 hectares e estão a 352 km de onde moram atualmente.

“A transferência será realizada conforme todos os protocolos de segurança e saúde para evitar possíveis infecções pela COVID-19”, ressaltou Andrés Stapper, diretor da ARN, em entrevista coletiva conjunta com Archila.

Assine nossa newsletter:

Inscreva-se nas nossas newsletters e receba as principais notícias do dia em seu e-mail

Corredor para o trânsito da cocaína, existem nessa região grupos de origem paramilitar e dissidentes da ex-guerrilha que não aceitam o acordo de paz.

Ambos os grupos são identificados pelas autoridades como responsáveis pelos ataques contra os ex-combatentes.

Desde que assinaram o acordo de paz com o governo do ex-presidente Juan Manuel Santos, em novembro de 2016, as FARC já denunciaram o assassinato de 214 dos seus membros.

Com apoio das Nações Unidas, o acordo levou à desmobilização de 13.000 rebeldes entre combatentes, prisioneiros e militantes.

Segundo o governo, 2.946 ex-guerrilheiros estão em 24 espaços de reintegração em todo o país. Os demais participam de processos de reincorporação individual, e outros formam as dissidências, que se dedicam principalmente ao tráfico de drogas e à mineração ilegal.


Siga a IstoÉ no Google News e receba alertas sobre as principais notícias