A ex-guerrilheira Vera Grabe será a nova chefe-negociadora do governo da Colômbia nos diálogos de paz com o ELN, após a crise pelo sequestro recente do pai do jogador de futebol Luis Díaz, informou Bogotá nesta segunda-feira (11).

O presidente Gustavo Petro afastou os líderes de sua política de “Paz Total” e, no fim de novembro, destituiu do cargo o alto comissário Danilo Rueda após o sequestro do pai do jogador do Liverpool inglês, que correu o mundo.

Grabe, que nos anos 1980 militou junto com Petro na guerrilha M-19, “assumirá o cargo em substituição a Otty Patiño, que tomou posse […] como Alto Comissário para a Paz”, detalhou o governo de esquerda em um boletim.

A ex-guerrilheira “participou das conversas de paz com o governo de Virgilio Barco” que levaram à desmobilização do M-19 em 1990, e depois foi congressista pelo partido surgido destes acordos, lembrou o Executivo colombiano.

Agora, ela assumirá a batuta na quinta rodada de um processo de paz que completou seu primeiro aniversário em novembro, mergulhado em uma crise pelo sequestro do pai de Luis Díaz nesse mesmo mês.

Carlos Ruiz Massieu, representante especial do secretário-geral da ONU na Colômbia, deu boas-vindas à designação de Grabe na rede social X e ofereceu seu “apoio” nesta “tarefa de buscar a paz”.

Antes de iniciar o novo ciclo de diálogo no México, Patiño pediu ao ELN que desistisse da prática de sequestro. Os rebeldes – que mantêm cerca de 30 pessoas reféns, segundo o governo – mostram-se reticentes a fazer esta concessão e argumentam que a prática faz parte de suas fontes de financiamento.

Petro, o primeiro presidente de esquerda da história da Colômbia, busca desativar o conflito armado de seis décadas por meio do diálogo com grupos rebeldes e organizações armadas do narcotráfico.

No entanto, o Ministério da Defesa registrou um aumento dos sequestros durante o primeiro ano do governo Petro, que assumiu em agosto de 2022. A oposição sustenta que sua política de “Paz Total” limitou as ações da polícia e dos militares, deteriorando a ordem pública.

As conversas com o ELN têm se desenvolvido em Venezuela e Cuba, que atuam como garantidores junto com os governos de México, Brasil, Chile e Noruega. A estes países se somam, como acompanhantes, Alemanha, Espanha, Suécia e Suíça, e um representante do secretário-geral das Nações Unidas.

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