A Justiça peruana condenou nesta terça-feira (11) o ex-governador da região andina de Áncash César Álvarez a oito anos e três meses de prisão por receber milhões de dólares em propina da Odebrecht para a construção de uma rodovia.

O caso é o primeiro em que uma autoridade peruana é sentenciada à prisão pelo escândalo da Odebrecht no país, que envolveu quatro ex-presidentes.

“O Poder Judiciário profere a primeira condenação pela ‘Lava Jato’ Odebrecht”, destacou a instituição no Twitter, informando que a juíza Nayko Coronado impôs “oito anos e três meses de prisão efetiva” contra Álvarez “por crime de conluio com agravante”.

Segundo a sentença, “César Álvarez, de 52 anos, é culpado de dar benefícios indevidos à Odebrecht na construção da rodovia Carhuaz-Chacas-San Luis”, na reigão Ancash, no norte do Peru.

De acordo com a promotoria, o ex-governador recebeu da Odebrecht 2,6 milhões de dólares em troca da concessão para construir uma estrada em Áncash. A obra foi realizada entre 2011 e 2013.

Também foram sentenciados por este caso seis funcionários do governo regional de Áncash, e outros três foram absolvidos.

Além disso, a juíza fixou uma reparação civil a favor do Estado de 10 milhões de soles (2,9 milhões de dólares) dos quais Álvarez deverá pagar 80% e o restante completado por outros condenados.

Álvarez foi presidente do governo regional de Áncash desde 1º de janeiro de 2007 até sua prisão, em maio de 2014.

A promotoria também o investiga pelo assassinato, em março de 2014, do dirigente sindical e ex-conselheiro opositor Ezequiel Nolasco.

Segundo as denúncias judiciais, Álvarez usava para benefício próprio e de sua rede de corrupção fundos públicos milionários provenientes dos impostos deixados nos últimos anos projetos de mineração de grande envergadura, que transformaram Áncash em um dos departamentos mais ricos do Peru.

A Odebrecht declarou que tinha pago 29 milhões de dólares em propinas para obter contratos para obras no Peru.

O escândalo da Odebrecht causou estragos na classe política peruana, onde envolve até quatro ex-presidentes, prefeitos e governadores.

O ex-presidente Alan García (1985-1990 e 2006-2011) se matou em 17 de abril, prestes a ser detido no âmbito de uma investigação ligada à Odebrecht.

Em maio, o ministério público denunciou à Justiça o ex-presidente Ollanta Humala (2011-2016) e sua esposa, Nadine Heredia.

O ex-presidente Pedro Pablo Kuczynski (2016-2018) permanece em prisão domiciliar, enquanto Alejandro Toledo (2001-2006) escapou para os Estados Unidos, onde enfrenta um pedido de extradição.