Um ex-funcionário da empresa de logística FedEx matou oito pessoas em uma unidade localizada na cidade americana de Indianápolis, e se suicidou, informaram autoridades nesta sexta-feira.

O crime ocorreu uma semana após o presidente Joe Biden ter classificado a violência com armas de fogo no país de “vergonha nacional”, enquanto relançava o debate sobre o assunto, um tema político delicado nos Estados Unidos. Ele determinou hoje que as bandeiras nacionais sejam hasteadas a meio pau nos prédios públicos.

A polícia da capital do estado de Indiana identificou o atirador como Brandon Hole, 19. “Funcionários da FedEx confirmaram que ele trabalhou no local até 2020”, informou o subchefe da polícia Craig McCartt, acrescentando que autoridades reuniam provas em vários lugares, enquanto buscavam determinar o motivo do ataque.

Pelo menos 100 pessoas estavam no local no momento do tiroteio, que ocorreu na noite de ontem, enquanto funcionários trocavam de turno ou faziam o intervalo do jantar, detalhou McCartt. Não ficou claro se Brandon Hole foi demitido ou deixou o emprego por vontade própria.

O massacre ocorreu em uma unidade da FedEx próxima ao aeroporto internacional de Indianápolis. Cinco pessoas foram hospitalizadas.

“Acredito que tenha durado um ou dois minutos”, indicou McCartt à rede de TV CNN. “O suspeito chegou pelo estacionamento. Pelo que entendi, desceu do automóvel e começou a atirar”. Segundo ele, o criminoso portava um rifle e suicidou com a chegada da polícia.

Um homem que trabalha na instalação da FedEx viu o momento em que o homem começou a atirar. “Eu vi um cara com uma submetralhadora, ou fuzil automático, e ele estava atirando a céu aberto. Eu imediatamente me abaixei, fiquei com medo”, disse Jeremiah Miller.

“Estamos profundamente chocados e entristecidos com a morte de integrantes de nossa equipe no trágico tiroteio em nossas instalações de Indianápolis”, afirmou a empresa em um comunicado. “A segurança de nossos funcionários é nossa máxima prioridade e estamos cooperando plenamente com as autoridades de investigação”.

– Espera interminável –

O local do ataque emprega mais de 4.000 pessoas, segundo a imprensa. Parentes dos funcionários criticaram a espera para terem notícias dos familiares, devido a uma regra que proíbe alguns trabalhadores desse armazém da FedEx de usar o celular.

“Eles nos deram um número para ligar, mas não forneciam nenhuma informação”, criticou Tammy Campbell, esposa de um dos trabalhadores, à Fox 59.

“Eles têm que mudar sua política para que possamos entrar em contato com um funcionário ou permitir a eles usarem seus telefones celulares”.

Um porta-voz da empresa confirmou à AFP que “segundo os protocolos de segurança e para minimizar distrações … o acesso a telefones celulares em algumas áreas das operações da FedEx Ground é limitado a membros autorizados”.

– Sucessão de tiroteios –

“Esta manhã, a população de Indianápolis enfrenta a notícia horrível de outro tiroteio”, lamentou o prefeito Joe Hogsett. O país foi palco de massacres semelhantes nas últimas semanas, em cidades como Atlanta, Boulder e Los Angeles.

Quase 40.000 pessoas morrem a cada ano nos Estados Unidos vítimas de armas de fogo, e mais da metade são suicídios. Os tiroteios provocam o debate sobre a proliferação das armas de fogo, mas sem avanços.

A violência com armas de fogo “fere a alma” da nação americana, lamentou nesta sexta-feira o presidente Joe Biden. “Muitos americanos morrem todos os dias pela violência das armas”, disse em comunicado.

Diante da dificuldade de obter medidas mais restritivas no Congresso, o presidente apresentou um plano limitado para prevenir a propagação as chamadas “armas fantasmas” – de fabricação artesanal, às vezes com impressoras 3D -, que são impossíveis de rastrear quando utilizadas em um crime. Também propôs aumentar as regulamentações para os suportes de braço projetados para estabilizar a arma, um dispositivo usado pelo suspeito do tiroteio do Colorado.

Biden anunciou que suas propostas são um ponto de partida e pediu ao Congresso que legisle para aprovar as medidas, como o controle de antecedentes e o fim das vendas de fuzis, que muitas vezes são utilizadas nos tiroteios em massa. Desde 1º de janeiro, mais de 12.000 pessoas foram mortas por armas de fogo nos Estados Unidos, de acordo com o Gun Violence Archive.

O líder da bancada democrata no Senado, Chuck Summer, disse que tomará medidas. “Levarei a legislação para a prevenção da violência com armas de fogo ao Senado. Temos que romper esse ciclo de sofrimento”, tuitou.