O ex-enviado especial dos Estados Unidos para a coalizão internacional antiextremista Brett McGurk, que renunciou após o anúncio da retirada das tropas da Síria, acusou Donald Trump nesta sexta-feira (18) de dar um novo impulso ao grupo Estado Islâmico (EI) com esta medida.

“A decisão do presidente de abandonar a Síria foi tomada sem debate, consulta com nossos aliados ou o Congresso, avaliação de riscos ou investigação”, escreveu em coluna publicada nesta sexta-feira pelo The Washington Post.

“A ironia da história é que o presidente disse desde o começo que seu objetivo era derrotar o EI”, mas “suas decisões recentes, infelizmente, estão ressuscitando o Estado Islâmico e outros inimigos dos Estados Unidos”, acrescentou.

O diplomata, que estava em silêncio desde sua renúncia, em 22 de dezembro, criticou ponto por ponto os fundamentos da decisão de Trump.

McGurk disse que em 17 de dezembro, quando estava no Iraque, recebeu uma ligação do secretário de Estado, Mike Pompeo, na qual anunciou “uma mudança repentina” na estratégia de Washington: “O presidente Trump, após uma ligação telefônica com seu homólogo turco (Recep Tayyip Erdogan), tinha a intenção de declarar a vitória sobre o EI e ordenar a retirada de nossas forças da Síria”.

De acordo com ele, a decisão foi tomada “a pedido da Casa Branca”, enquanto tentava garantir aos aliados da coalizão que intervém desde 2014 no Iraque e na Síria que Estados Unidos “não tinham intenção de sair da Síria antes de que seja um bom momento”.

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Em uma reunião em Ottawa, no Canadá, “o secretário de Defesa, Jim Mattis, e eu tínhamos acabado de nos reunir com os sócios da coalizão para confirmar nosso compromisso até 2020”, disse.

Com o anúncio da saída, os aliados de Washington “foram abalados”, afirmou Brett McGurk, que rapidamente chegou a conclusão de que ele não poderia ser o responsável por implementar esta decisão.

Ele questionou as principais razões expostas por Trump para justificar a saída: que o EI tinha sido derrotado e que a Arábia Saudita apoiaria financeiramente a reconstrução da Síria.

“Não era uma certeza”, destacou.

Ele também acha que Trump “engoliu a promessa de Erdogan de que a Turquia assumiria a luta contra o EI na Síria” e opinou que ela sozinha não tem meios militares suficientes para a tarefa.


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