CIDADE DO VATICANO, 21 JAN (ANSA) – O ex-diretor do Instituto para Obras da Religião (IOR) Paolo Cipriani e o ex-vice-diretor Massimo Tulli precisarão ressarcir os cofres do Vaticano em cerca de 40 milhões de euros (R$ 247,6 milhões) por “má gestão” dos ativos da instituição, decidiu a Corte de Apelação.   

A decisão foi tomada no dia 18 de janeiro, mas foi tornada pública nesta sexta-feira (21) pelo IOR. Os juízes da segunda instância confirmaram integralmente a pena aplicada pelo Tribunal Civil do Vaticano em fevereiro de 2018.   

Com isso, os magistrados rejeitaram os dois recursos apresentados pelos condenados. Segundo a sentença, eles deverão ressarcir 35.740.587 euros a título de danos emergentes e 4.799.445 euros a título de lucros cessantes, totalizando 40.540.032 euros acrescidos de desvalorização monetária e interesses legais.   

Além disso, o tribunal imputou os custos do processo – na primeira e na segunda instâncias – aos dois apelantes.   

Cipriani e Tulli fizeram alguns investimentos do Banco do Vaticano, entre os anos de 2010 e 2013, que se revelaram danosos e problemáticos e, em diversos casos, ilegítimos e objetos de ações penais. Por isso, foram condenados por “mala gestio”.   

“O julgamento segue em um profundo trabalho de renovação e transformação do Instituto em atuação das importantes reformas do setor financeiro vaticano e da Santa Sé, graças às quais o Instituto pode identificar os abusos cometidos e seus danos e defender o próprio patrimônio, que no fim é o próprio patrimônio da Igreja”, diz ainda o comunicado do IOR.   

A nota ressalta que esse foi o primeiro julgamento do tipo dentro do Estado da Cidade do Vaticano e “serve de precursor a outros casos semelhantes ainda em andamento”.   

Além da condenação no Vaticano, Cipriani e Trulli também haviam sido condenados em primeira instância pela Justiça da Itália em fevereiro de 2017 a quatro meses e 10 dias de prisão por omissão de informações sobre operações financeiras do Banco do Vaticano.   

Desde que assumiu o Pontificado em 2013, o papa Francisco fez uma profunda reforma nos setores que gerenciam as questões financeiras da Santa Sé, em processo que teve várias e constantes etapas. Diversas delas atingiram o IOR, mas também órgãos geridos por membros da Cúria Romana. (ANSA).