O ex-diretor do Fundo Monetário Internacional (FMI) Rodrigo Rato será julgado na Espanha por fraude em investimentos e falsificação de contas pelo caso da abertura de capital do Bankia, em 2011, anunciou nesta sexta-feira (17) a Justiça espanhola.
Rato, que dirigia o banco então, será julgado com outros 31 ex-dirigentes da entidade, que faliu após entrar na bolsa, obrigando o Estado a nacionalizá-lo para ser salvo.
Ao todo, foram acusadas 32 pessoas físicas – além dos ex-diretores, um funcionário da consultoria Deloitte, responsável pelos relatórios do banco – e três jurídicas – o Bankia, sua empresa matriz, o Banco Financeiro e de Poupanças, e a Deloitte.
A Procuradoria anticorrupção da Espanha pediu, em junho, cinco anos de prisão para Rato, considerando que o ex-presidente e outros três ex-dirigentes do banco “tiveram responsabilidade especial para que a oferta do Bankia na bolsa acontecesse escondendo dos investidores a informação essencial acerca da verdadeira situação patrimonial” da instituição.
Como “principal executivo” do banco, Rato era “plenamente consciente da inconsistência do projeto do Bankia e de sua debilidade financeira” e, mesmo assim, deu luz verde à operação, explicou a Procuradoria.
O Bankia, criado em 2011 a partir da fusão de sete caixas de investimento, foi lançado na bolsa com alarde por Rato, que dirigiu o FMI entre 2004 e 2007 e foi ministro da Economia espanhola entre 1996 e 2004.
No ano seguinte, as contas do Bankia se provaram catastróficas, e sua cotação na bolsa caiu mais de 80%, arruinando milhares de pequenos acionistas.
Essa situação, junto com as consequências da crise econômica, levaram a um resgate do setor bancário espanhol, por meio de um empréstimo europeu de mais de 41 bilhões de euros, dos quais 22 bilhões eram destinados exclusivamente ao Bankia.
No ano passado, o banco disse ter pagado 1,2 bilhão de euros em compensações a 190 mil pequenos investidores, mas reconheceu que ainda tinha 30 mil reclamações pendentes.
Rodrigo Rato já foi condenado a quatro anos e meio de prisão por seu papel à frente do Bankia em fevereiro, por causa da emissão de cartões de crédito cujos titulares – especialmente dirigentes do banco – podiam usar com discrição e sem declarar as rendas extras.
Atualmente, ele está em liberdade, à espera de seu julgamento na apelação.