Ex-diretor da PRF diz ao STF que recebeu ordem para blitzes nas eleições de 2022

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Operação 'Eleições 2022' da Polícia Rodoviária Federal Foto: PRF

Djairlon Henrique Moura, ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal, confirmou em oitiva no STF (Supremo Tribunal Federal) ter recebido ordens do Ministério da Justiça para realizar blitzes em ônibus que trafegavam com destino ao Nordeste às vésperas das eleições de 2022.

De acordo com ele, a operação foi solicitada pelo então ministro da pasta, Anderson Torres, que pediu máximo empenho no policiamento dos ônibus com o objetivo de evitar crimes eleitorais — a Justiça Eleitoral veda o transporte de eleitores em veículos particulares na data das votações.

Moura negou, porém, “objetivos políticos” nas ações policiais na ocasião.

Testemunha de Torres no STF

O ex-diretor da PRF foi ouvido pelo ministro Alexandre de Moraes nesta terça-feira, 27, como uma das 15 testemunhas de defesa de  Torres, que é réu na corte pela suposta participação em uma tentativa de golpe de Estado para manter Jair Bolsonaro (PL) no poder após as eleições de 2022.

As blitzes em ônibus com destino e em trânsito na região Nordeste foram amplamente noticiadas no segundo turno daquela disputa, em que Bolsonaro perdeu a reeleição para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Conforme as investigações policiais, esse foi um dos recursos explorados pelo grupo de 31 réus pela trama golpista para tentar evitar a vitória do petista nas urnas.

Após o resultado, conforme as denúncias da PRG (Procuradoria-Geral da República) que estão na mesa do STF, os acusados tentaram descredibilizar o sistema eleitoral, financiaram acampamentos em frente a quartéis do Exército e chegaram a tramar um plano para matar Lula, Moraes e o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e impedir a transição democrática de poder.