O escritor e ex-diplomata mexicano Andrés Roemer, acusado de crimes sexuais por várias mulheres, foi capturado em Israel, informou na segunda-feira o presidente do México, Andrés Manuel López Obrador.

“Essa pessoa foi detida em Israel e será extraditada” ao México, disse o presidente mexicano em sua coletiva de imprensa diária.

O ministério das Relações Exteriores confirmou horas depois, em um comunicado, que a polícia israelense prendeu Roemer no domingo “com fins de extradição, a pedido do governo mexicano” e por solicitação específica da Procuradoria da Cidade do México.

“Embora não exista tratado de extradição com o Estado de Israel, a detenção (…) foi realizada com base no princípio da reciprocidade e da cooperação internacional, a partir da boa relação bilateral que existe em todos os setores entre os dois país”, acrescentou o ministério.

O México solicitou originalmente a extradição a Israel em junho de 2021.

As acusações contra Roemer – que somam cerca de 60, segundo o grupo feminista Jornalistas Unidas Mexicanas (PUM, na sigla em espanhol) – começaram em fevereiro de 2021, quando a bailarina Itzel Schnaas o denunciou de agressão sexual.

Na época, o intelectual negou “categoricamente” no Twitter, atualmente X, a primeira acusação, mas se afastou das redes sociais à medida em que as denúncias contra ele aumentavam.

De acordo com as acusações, o ex-diplomata costumava reuni-las em sua casa ou escritório alegando motivos de trabalho, e depois realizava toques inapropriados nelas.

Roemer, de 60 anos, foi cônsul do México em San Francisco, nos Estados Unidos.

Também fazia trabalhos filantrópicas e serviu como embaixador da boa vontade na Unesco, organização que rompeu relações com ele depois que as acusações de agressão sexual se tornaram públicas.

Além disso, López Obrador aproveitou a ocasião para pedir a Israel que extradite o ex-chefe policial Tomás Zerón, que é procurado pelo desaparecimento dos 43 estudantes de magistério de Ayotzinapa em 2014.

“Esperamos que as autoridades de Israel ajudem”, assinalou López Obrador. Zerón foi encontrado em Israel em 2020.

O ex-funcionário foi um dos principais encarregados de investigar o caso Ayotzinapa, e é acusado de manipular a investigação e de sequestrar e torturar testemunhas.

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