Um ex-czar antidrogas da Bolívia foi detido pela Polícia por suposta fabricação de drogas, após ter sido encontrado perto de um laboratório de cocaína no departamento de Cochabamba, informou o Ministério Público nesta quarta-feira (24).
Felipe Cáceres, de 63 anos, foi vice-ministro da Defesa Social e Substâncias Controladas entre 2006 e 2019, durante todo o governo de Evo Morales. Ele era o principal encarregado da luta contra as drogas na Bolívia, o terceiro produtor mundial de cocaína, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU).
Sua captura ocorreu na terça-feira durante uma operação policial no Trópico de Cochabamba, no centro do país, e reduto do movimento cocaleiro.
“Foi feita a apreensão de várias pessoas que estavam no local”, entre elas “o senhor Cáceres”, disse, durante uma coletiva de imprensa, Osvaldo Tejerina, promotor de Cochabamba.
Segundo informações preliminares difundidas pela imprensa local, Cáceres estava a cerca de 500 metros de um laboratório de “cristalização”, última etapa da produção de cocaína.
O ex-vice-ministro foi indiciado pelo crime de “fabricação de substâncias controladas”, com pena de cinco a 15 anos de prisão, informou Tejerina.
Cáceres foi líder cocaleiro e um colaborador próximo de Morales.
Em entrevista por rádio, o ex-presidente qualificou a captura, nesta quarta-feira, como “uma armação” do governo de seu sucessor e ex-aliado Luis Arce.
“Há um plano para semear provas” de narcotráfico “a pessoas próximas” a mim, assinalou.
Em anos anteriores, três altos comandantes policiais antinarcóticos da administração de Morales também terminaram atrás das grades por crimes vinculados ao tráfico de drogas.
O último deles foi Maximiliano Dávila, extraditado em dezembro de 2024 para os Estados Unidos sob a acusação de exportar mais de uma tonelada de cocaína e de proteger narcotraficantes.
Na Bolívia, a folha de coca, matéria-prima da cocaína, tem um uso ancestral, sendo mastigada ou consumida em infusões.
No entanto, 94% da coca cultivada no Trópico de Cochabamba não passa pelo mercado regulado pelo Estado, segundo a ONU.
De acordo com as Nações Unidas, em 2023 havia em todo o país uma superfície cultivada de 31 mil hectares, dos quais 22 mil eram legais.
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