O ex-chefe de governo da Áustria, Sebastian Kurz, foi declarado culpado de falso testemunho nesta sexta-feira (23), ao término de um julgamento no qual ele foi acusado de mentir para uma comissão parlamentar quando ainda estava no cargo.

“Sebastian Kurz é culpado”, declarou o juiz em Viena, condenando-o a oito meses de prisão com suspensão de pena, seguindo assim o que pedia a promotoria.

O ex-dirigente conservador, de 37 anos, tentou defender sua inocência durante os 11 dias de audiência.

Kurz, que em 2017, aos 31 anos, se tornou o chefe de governo mais jovem eleito no mundo, abandonou a política de maneira retumbante em 2021.

As autoridades judiciais o declararam culpado de ter mentido para uma comissão parlamentar, quando estava sob juramento.

Esta é a primeira vez em mais de 30 anos que um ex-chefe de governo austríaco presta contas de seus atos à Justiça.

Kurz negou ter mentido aos deputados quando eles o interrogaram em 2020 sobre seu papel na indicação de um amigo íntimo, Thomas Schmid, para dirigir uma empresa de capital estatal.

“Estava informado, mas eu não decidi”, defendeu-se.

A promotoria garantiu que o político controlava tudo em seu partido e, como prova, utilizou diversas mensagens de texto.

Intervir em uma indicação não constitui crime na Áustria, mas esconder a verdade quando se está sob juramento sim.

As testemunhas convocadas pelo tribunal defenderam a versão de Kurz, com a exceção de Schmid, o principal protagonista.

Este julgamento referiu-se apenas a uma parte dos fatos dos quais Kurz é acusado. E são menos graves em comparação com as acusações de corrupção, cuja investigação ainda está em curso.

Kurz é suspeito de desviar recursos públicos para encomendar pesquisas de opinião manipuladas e garantir uma cobertura elogiosa na imprensa sensacionalista.

Os casos derivam do escândalo Ibizagate, quando, em 2019, foi divulgado um vídeo gravado em segredo na turística ilha espanhola, que mostrava o então líder do partido de extrema direita e vice-chefe de governo Heinz-Christian Strache, oferecendo contratos públicos em troca de apoio a uma mulher que alegava ser sobrinha de um oligarca russo.

O partido de extrema direta era o aliado menor do governo liderado pelos conservadores entre 2017 e 2019.

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