O ex-chefe da Força Aérea Brasileira Carlos de Almeida Baptista Junior afirmou em depoimento à Polícia Federal que o ex-chefe do Exército Freire Gomes chegou a ameaçar Jair Bolsonaro de prisão, caso tentasse seguir com alguma ação contra o regime democrático, como GLO, Estado de Defesa ou Estado de Sítio.

O ex-chefe da Aeronáutica também ressaltou que Bolsonaro apresentava a hipótese de utilizar os mecanismos para solucionar uma possível “crise institucional”. O ex-ministro da Justiça Anderson Torres assessorava Bolsonaro sobre tais assuntos.

Em outro ponto do documento no qual a ISTOÉ teve acesso, Bolsonaro chegou a perguntar ao Advogado-Geral da União Bruno Bianco se “haveria algum ato que se poderia fazer contra o resultado das eleições”. Isso ocorreu pós eleições, durante uma reunião no dia 1º de novembro de 2022, com os demais comandantes das Forças Armadas. Na ocasião, os chefes disseram que não houve fraude para o até então presidente da República.

Questionado sobre qual o intuito das reuniões com os militares, Baptista Junior explicou que inicialmente o ex-presidente “estava resignado com o resultado das eleições”, e que depois tentou reverter a situação com o estudo do IVL (Instituto Voto Legal), organização contratada pelo PL para contestar o resultado do TSE.

Bolsonaro não teria o apoio da Aeronáutica por parte de Baptista. No entanto, o então comandante de Marinha, Almir Garnier Santos chegou a afirmar nas reuniões que colocaria suas tropas à disposição de Bolsonaro.

Ele afirmou que não estava presente durante uma reunião de apresentação da minuta do golpe, realizada no dia 14 de dezembro de 2022, no gabinete do ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Oliveira, mas que foi convidado pelo próprio a participar.