BRUXELAS, 3 DEZ (ANSA) – A ex-ministra das Relações Exteriores da Itália e ex-alta representante da União Europeia para Política Externa Federica Mogherini foi libertada na manhã desta quarta-feira (3), na Bélgica, um dia após ter sido presa no âmbito de uma investigação que apura o suposto uso indevido de recursos do bloco.
O também italiano Stefano Sannino, ex-secretário-geral do Serviço Europeu de Ação Externa (Seae) ? braço diplomático da UE ? e atual diretor-geral da Comissão Europeia para o Oriente Médio, Norte da África e Golfo, e o terceiro indivíduo sob investigação, o ítalo-belga Cesare Zegretti, também foram soltos após interrogatório.
Os três foram libertados por não apresentar risco de fuga, segundo a Procuradoria da União Europeia, porém todos eles foram notificados formalmente de que são investigados por suspeita de fraude e corrupção em licitações, conflito de interesses e violação de sigilo profissional.
Mogherini é reitora do Colégio da Europa, instituto de pós-graduação em estudos europeus com sede na cidade belga de Bruges, desde setembro de 2020, após ter chefiado a diplomacia da UE entre 2014 e 2019, período em que foi uma das principais articuladoras do acordo nuclear com o Irã.
Antes disso, ela havia sido ministra das Relações Exteriores da Itália por oito meses, entre fevereiro e outubro de 2014. Já Zegretti é codiretor do escritório de educação executiva, treinamento e projetos do Colégio da Europa desde janeiro de 2022.
“O interrogatório foi uma longa maratona, das 14h à meia-noite. Foram fornecidos esclarecimentos em 360º, de modo exaustivo”, declarou à ANSA a advogada de Mogherini, Mariapaola Cherchi, acrescentando que sua cliente foi libertada “sem condições”.
“Ela perguntou várias vezes se deveria limitar seus movimentos, mas sempre foi reiterado que não há nenhuma restrição porque não havia motivo. Isso deve contribuir para acalmar a poeira levantada sobretudo pela imprensa”, destacou.
Segundo a Procuradoria, a investigação diz respeito ao projeto da Academia Diplomática da UE, programa de formação de nove meses para jovens diplomatas do bloco que foi adjudicado pelo Seae ao Colégio da Europa no período de 2021-2022.
“Existem fortes suspeitas de que informação confidencial relacionada com a contratação do curso foi compartilhada com um dos candidatos da licitação”, disse o Ministério Público da UE.
(ANSA).