Há cinco anos, Giovanna Pitel, que integrou o elenco da 24ª edição do Big Brother Brasil, decidiu iniciar uma transição capilar. Em uma entrevista exclusiva, a ex-BBB, que chamou a atenção dentro do programa com seus cachos definidos, revela como foi passar pelo período de autoaceitação até assumir a naturalidade de seus fios e se desvencilhar da ideia de que apenas cabelos quimicamente alisados eram bonitos.

Desde a infância, Giovanna conta que era vítima da crença social de que fios crespos e volumosos eram sinônimo de falta de cuidado. A influência materna, moldada por uma época em que o cabelo liso era o símbolo da beleza, a levou a seguir o mesmo caminho, alisando seus cachos para se encaixar nos padrões. “Minha mãe tinha um cabelo cacheado até a adolescência, mas ela pegou essa época em que era considerado desarrumado, desalinhado, sujo e que precisava estar mais que perfeito, o que na época significava um cabelo liso. Então, alisava o dela e, consequentemente, acabou alisando o meu”, conta.

Segundo a agora influenciadora digital, que atualmente possui mais de 1,5 milhão de seguidores no Instagram, a primeira vez que alisou o cabelo foi entre os 9 e 11 anos. E, devido a pouca idade, não tem nenhuma recordação de seus fios naturais.

“As poucas recordações que tenho é que ele sempre vivia preso, porque era tido como bagunçado. Para ter um cabelo alinhado e ser socialmente aceito, precisava passar pelo processo químico do alisamento. No entanto, lembro como hoje a primeira vez que alisei. Era um alisamento da caixa rosa, muito famoso e com um cheiro muito ruim. Apesar do odor, era o único que conseguia ‘dar um jeito’, porque meus fios sempre foram muito cacheados, o que o tornava mais trabalhoso e dificultoso para alisar. Por ser um produto forte, meu cabelo caiu muito e tive um corte químico. Para baixar os que foram quebrados, precisava usar ainda mais alisamento. Depois disso, não parei”, relata.

Nos últimos anos, a transição capilar se consolidou como um movimento de grande relevância, impulsionado pelas redes sociais e pela busca por representatividade. Esse processo, que pode ser longo e desafiador, consiste em abandonar as químicas capilares e abraçar a beleza natural dos fios, muitas vezes renegada por anos. E foi essa movimentação que impulsionou a ex-bbb a buscar e expressar sua verdadeira identidade.

“Minha inspiração veio de conteúdos da internet. Era um processo que estava ganhando muita força, muitas mulheres estavam fazendo e descobrindo seu próprio cabelo. Isso me fez questionar: ‘Qual é a pior coisa que pode acontecer se eu fizer e não gostar do meu cabelo? Sempre posso voltar ao alisamento’. Quis me reencontrar e descobrir como meu cabelo ficaria cacheado”, conta.

Ao longo da transição, algumas mulheres escolhem fazer cortes graduais, eliminando aos poucos as partes do cabelo que foram tratadas com produtos químicos. No entanto, Giovanna optou por realizar o “big chop”, um corte que remove de uma vez toda a parte alisadas.

“Passei quatro meses só de transição capilar e cortei ele todo. Foi uma mudança do dia para a noite. Passei a observar que muitas mulheres esperavam em torno de um ano a dois anos, e até muito mais tempo, para ter segurança suficiente para assumir seus cabelos cacheados. Eu decidi fazer de forma radical. Passei todo esse período usando trança e coque e depois cortei de uma vez só”, afirma.

Hoje, Pitel reconhece que assumir seus cachos naturais foi uma escolha que transcende a estética capilar. Para ela, foi um processo de autodescoberta, empoderamento e resistência aos padrões estéticos impostos pela sociedade. “Foi muito importante para minha autoestima. É como se hoje, eu estivesse vendo no espelho a minha identidade de verdade, o meu eu de verdade. Essa é a minha cara e o meu cabelo”, declara.