Matthew Scott Montgomery, conhecido por interpretar Matthew Bailey na série Sem Sentido! da Disney, revelou que passou por uma terapia de conversão com choque para “deixar de ser gay”.

“No começo, a terapia de conversão era só terapia, nós conversávamos todos os dias. E depois eu comecei a ter lição de casa. Eu tinha que preencher uns cadernos com umas equações científicas, nós éramos ensinados de que homens gays não existem, não poderiam existir. Eles tentaram me quebrar”, comentou no podcast Vulnerable.

Depois disso, Matthew conta que a terapia progrediu para o tratamento com choque. “Eles te manipulam a fazer isso, com a ideia de experimentar algo diferente. Eles vão aumentando a sua tolerância ao choque até o momento em que realmente era doloroso.”

Além dos choques, o ex-ator da Disney revelou que também havia uma espécie de hipnose a que era submetido. No exercício, Matthew era solicitado a imaginar cenários apocalípticos em que ele e um homem hétero seriamos os últimos sobreviventes. “Eles pediam para que eu imaginasse ir de encontro a essa pessoa e segurar a sua mão, neste instante, eles me davam um choque”, contou.

Ao podcast, Matthew contou ainda que foi o pai extremamente conservador que o apresentou à terapia. Na época, ele já tinha 18 anos, o que, teoricamente, o habilitaria a tomar livremente a decisão de participar ou não. Mas para Matthew, esse não teria sido o caso.

“Você precisa entender que no ambiente em que eu cresci, eu aprendi que o que era normal era que eu precisava ser punido. Só por nascer você precisa ser punido. Porque ao nascer, você tem pecados e precisa ser punido. Então eu pensava que eu merecia ir para essa terapia reparativa”, disse.

Sem mencionar quanto tempo passou pela terapia de conversão, o ex-ator da Disney disse que apenas entendeu, em um momento, que aquilo não era para ele. “Um dia eu só não quis mais fazer isso. Um dia eu só acordei e percebi que não tinha nada de errado comigo.” Para essa conscientização, Matthew aponta dois fatores que ele acredita ter ajudado no processo: a carreira de ator, o apoio de Demi Lovato e da família da cantora.

“Parte da minha cura foi forjada na minha experiência de ator, em papéis em que eu tive que interpretar homens gays que não tinham o apoio que precisavam. E ter o apoio da Demi Lovato, e da família da Demi, que é a minha família, me fez experimentar uma vida e um amor que eu nunca tive antes. No dia em que eu me assumi gay, foi o dia que eu nasci”, disse.