Após uma carreira marcada por altos e baixos no futebol, o ex-atacante Sandro Hiroshi sonha brilhar em outro esporte. Praticante de fossa olímpica, uma das modalidades do tiro esportivo, o ex-jogador de São Paulo, Flamengo, entre outros clubes, sonha alto e quer disputar uma edição da Olimpíada. Paralelamente, ele também trabalha como gestor da base do Rio Branco, de Americana, onde, por mais que queira esquecer o erro do passado, acabou relembrando tudo, quando descobriu um caso parecido com o seu, de adulteração de idade.

Ele não quer mais falar sobre o fato ocorrido em 1999, quando foi suspenso por adulteração de idade, nos tempos em que defendia o São Paulo. “Isso é assunto velho e já foi resolvido”, justificou, em entrevista ao Estadão.com durante um dos treinamentos de tiro em Santana do Parnaíba, interior de São Paulo.

Praticante de tiro há três anos, ele já foi campeão da Classe C e pulou direto para a primeira divisão da categoria, onde já participou de campeonatos e ficou entre os primeiros colocados.

“Tenho que manter meus pés no chão. Para se tornar um atirador de alto nível, precisa ter anos de prática. Não sonho com isso para agora, mas a longo prazo, como é um esporte que não tem limite de idade, penso em me dedicar um pouco mais e chegar longe, quem sabe em uma Olimpíada”, disse Sandro Hiroshi, hoje com 36 anos.

A fossa olímpica é um pouco difundida e cara no Brasil. Uma arma pode custar até R$ 12 mil, além das balas, pratos, coletes e óculos especiais para a prática do esporte. Hiroshi se tornou praticante de tiro por acaso. Foi convidado por amigos para conhecer um clube em Americana e transformou o tiro em um hobby, que pode se tornar sua nova profissão.

Enquanto isso, ele também é gestor da categoria sub-17 do Rio Branco, clube onde foi revelado. O time de Americana passou sua base para a mão de empresários, e Hiroshi, que parou de jogar aos 33 anos por causa de dores nos joelhos, faz de tudo um pouco no clube. Ele ajuda nas peneiras, indica jogadores e até descobre fraudes como aconteceu com ele.

“Veio um garoto do Pará fazer testes e fiquei desconfiado por causa do porte físico. Pedi documentação, fomos atrás no cartório da cidade onde ele teria sido registrado e descobrimos que não tinha registro algum por lá. Fomos atrás e descobrimos que ele adulterou a idade. O menino era bom, mas tivemos que dispensá-lo”, contou.

Embora não goste de lembrar do assunto, Hiroshi sempre conta seu caso para servir de exemplo aos garotos. “Sempre falo para eles que não vale a pena fazer a coisa errada para vencer na vida, porque uma hora você vai pagar por isso e será da pior maneira. É difícil checarmos tudo, mas temos uma preocupação com isso. Já pensou se um garoto com coisa errada aparece e descobrem que foi revelado pelo Sandro Hiroshi? Volta tudo novamente”, comparou.

Aposentado da carreira de jogador de futebol, ele admite que divide sua torcida por dois tricolores. “Minha família torce uma parte para o Fluminense e a outra para o São Paulo. Do lado da minha mãe, é Fluminense. Do lado meu pai, é São Paulo. Então acabo torcendo para os dois”, contou o ex-atacante que já defendeu o Flamengo, um dos rivais do time da família. “Claro que eles preferiam que eu jogasse em outro time, mas eles sabem que eu sou profissional e torceram por mim em todos os clubes”, assegurou.