O ex-advogado do presidente Donald Trump, Michael Cohen, 52 anos, foi condenado nesta quarta-feira (12) a três anos de prisão por um juiz federal de Manhattan, uma pena considerada muito branda para o ex-confidente do chefe de Estado da Casa Branca, a quem mencionou diretamente ao ouvir a sentença.

“Em muitas oportunidades, tive a sensação de que era meu dever encobrir seus atos sujos”, disse o ex-conselheiro jurídico do presidente ao juiz distrital William H. Pauley III em alusão ao seu ex-cliente.

Cohen, de 52 anos, disse que estava assumindo a responsabilidade por seus crimes, “inclusive aqueles que envolvem o presidente dos Estados Unidos da América”.

Seus advogados haviam pedido que ele não fosse para a prisão depois de se declarar culpado de evasão de impostos, fazer declarações falsas a instituição financeira, realizar contribuições de campanha ilegais e mentir para o Congresso.

Mas o juiz Pauley disse que Cohen, como advogado, deveria saber bem o que estava fazendo e o sentenciou a três anos de reclusão em um presídio federal, ordenando que se entregue à custódia antes de 6 de março.

“Cada um destes crimes, por si só, merece uma punição considerável”, afirmou o juiz, e acrescentou que o acusado foi “motivado pela cobiça e pela ambição pessoal”.

Também foi obrigado a pagar multas e indenizações no valor de US$ 2 milhões.

Antes de o magistrado proferir a sentença, Cohen dirigiu-se à corte. “Hoje é o dia em que estou recuperando a minha liberdade”, disse.

“Estive vivendo em uma prisão pessoal e mental desde o dia em que aceitei a oferta de trabalhar para um magnata imobiliário, cuja visão para os negócios admirei profundamente”, acrescentou.

Cohen também se referiu a um tuíte do presidente em que o chamou de fraco e disse que “sua fraqueza era uma lealdade cega a Donald Trump”.

– “Dinheiro para silenciar” –

Cohen se declarou culpado das acusações feitas pelos promotores federais em Nova York e pelo escritório do procurador especial Robert Mueller, o ex-diretor do FBI que está investigando a ingerência russa nas eleições de 2016 e se algum membro da campanha de Trump participou de conluio com Moscou.

Entre as acusações contra o advogado estavam os pagamentos em dinheiro para silenciar duas mulheres que tinham ameaçado falar de supostos casos que teriam tido com Trump durante a campanha eleitoral de 2016.

Cohen disse aos promotores que os pagamentos, com montante total de 280.000 dólares para a atriz pornô Stormy Daniels e a ex-modelo da Playboy Karen McDougal, foram feitos “em coordenação e sob a orientação” de Trump.

As duas mulheres afirmaram ter tido encontros sexuais com Trump antes de ele se candidatar à Presidência pelo Partido Republicano e os promotores qualificaram os pagamentos como contribuições ilegais de campanha destinadas a influenciar na eleição.

“Cohen enganou o eleitorado ao ocultar supostos fatos que se acreditavam que teriam um efeito substancial na votação”, disseram os promotores.

O pagamento a McDougal foi intermediado pela American Media Inc (AMI), editora da revista National Enquirer, e os promotores anunciaram, depois da sentença a Cohen, que a AMI tinha recebido garantias de impunidade em troca de sua cooperação.

Trump tentou esta semana minimizar a importância dos pagamentos, dizendo que eram uma “simples transação privada” e que eram “equivocadamente” chamados de contribuições de campanha.

“Cohen só está tentando que reduzam a sentença”, tuitou o presidente, para acrescentar: “CAÇA ÀS BRUXAS!”. Trump não reagiu nesta quarta-feira à tarde sobre a condenação de seu ex-advogado, nem sobre o envolvimento da America Media Inc.

O acusado teve reduzida sua sentença após colaborar com Mueller. Em um memorando da sentença, o gabinete do procurador especial assegurou que Cohen tinha feito tudo o possível para ajudar em sua investigação.

No mês passado, Cohen reconheceu ter mentido ao Congresso sobre seus contatos com a Rússia a respeito da construção de uma Torre Trump em Moscou.

Vestindo terno escuro e gravata azul clara, o acusado ouviu a sentença acompanhado da esposa e dos filhos.

Durante doze anos, Cohen foi vice-presidente da Trump Organization, a companhia matriz dos negócios imobiliários de Trump e também foi um dos principais confidentes do bilionário.

Em abril, os investigadores revistaram seus escritórios e residência em Nova York, e em agosto ele admitiu ter ocultado das autoridades fiscais cerca de 4 milhões de dólares em receita de um negócio de táxis de sua propriedade.