O ex-presidente da Bolívia Evo Morales pediu, nesta sexta-feira (28), uma investigação sobre a tentativa de golpe de Estado contra o presidente Luis Arce – antes seu aliado, hoje adversário – após colocar em dúvida a versão oficial divulgada pelo atual mandatário.

Morales, um dos primeiros líderes a alertar na rede social X sobre o motim armado da última quarta, questionou se o objetivo do movimento era realmente derrubar Arce.

“Que tipo de golpe é esse, o golpe começa, ministros felizes passeando na praça Murillo, tocando tanques, um golpe de estado com zero feridos, zero disparos, zero mortos”, afirmou o ex-presidente em uma coletiva de imprensa em Sacaba, departamento de Cochabamba.

Na mesma linha, Morales contestou a informação do governo de que 14 pessoas foram feridas por balas disparadas pelos militares rebeldes quando entraram com tanques na praça onde está localizado o palácio presidencial: “Um golpe de Estado é feito com balas?”.

“Deixem que investiguem, mais cedo ou mais tarde a investigação dirá” o que aconteceu, acrescentou Morales, cercado de apoiadores.

Morales e Arce, que trabalharam juntos durante os três mandatos do líder indígena, travam uma feroz disputa pelas bandeiras do oficialismo em um período que antecede as eleições presidenciais de 2025.

Apesar de não estar habilitado pela justiça para disputar novamente, Morales quer concorrer às eleições, enquanto Arce ainda não disse publicamente se tentará a reeleição.

O presidente boliviano revelou na última quinta-feira que chamou Morales para avisá-lo sobre o golpe de Estado em andamento. “Estava claro que eles estavam vindo atrás de mim, mas estava claro para mim que eles iriam atrás de Evo Morales em seguida”, disse Arce.

As autoridades prenderam 21 militares ativos, aposentados e civis supostamente ligados à tentativa de golpe. Entre os detidos estão os três principais ex-comandantes das Forças Armadas, incluindo o general Juan José Zúñiga, ex-chefe do exército, acusado de ser o líder do levante.

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